Família de Rayshard Brooks: ‘Não pedimos justiça, mas mudanças’

Homem negro foi morto por um policial branco a tiros depois de resistir à prisão por dirigir embriagado

  • Por Jovem Pan
  • 15/06/2020 21h03
EFE/EPA/ERIK S. LESSER atlanta-protestos-brooks Neste final de semana, Atlanta se tornou o novo foco dos protestos contra a brutalidade policial e o racismo

A família de Rayshard Brooks, homem negro morto pela polícia em Atlanta, nos Estados Unidos, exigiu mudanças na aplicação das leis para acabar com a violência policial contra as pessoas negras. Brooks foi assassinado por um policial na última sexta-feira depois de resistir à prisão por dirigir embriagado, pouco mais de duas semanas após a morte de George Floyd, sufocado por um agente branco em Minneapolis. “Não estamos apenas feridos, estamos com raiva”, declarou a sobrinha de Brooks em uma entrevista coletiva com a presença de vários parentes da vítima. “Quando isso vai parar? Não estamos pedindo justiça, estamos pedindo mudança”, afirmou.

Neste final de semana, Atlanta se tornou o novo foco dos protestos contra a brutalidade policial e o racismo, que vêm sendo realizados em todo o país desde o assassinato de George Floyd. A morte de Brooks, capturada por três câmeras de vídeos diferentes, levou à demissão da chefe de polícia da cidade, Erika Shields, no dia seguinte. O oficial branco que atirou nele, identificado como Garrett Rolfe, também foi demitido e o agente que o acompanhava, Devin Bronsan, recebeu uma licença administrativa. “Não estou pedindo apenas que Atlanta esteja com nós, estou pedindo que a nação inteira esteja com nós”, declarou a sobrinha de Brooks.

O advogado da família, Chris Steward, afirmou que o que os parentes estão exigindo não é apenas mudanças nas leis e na política, mas uma mudança na mentalidade dos policiais. Nesse sentido, o advogado classificou como “imprudente” a decisão dos agentes de abrirem fogo contra Brooks em um estacionamento cheio de pessoas e ressaltou que algumas balas perdidas atingiram um veículo com uma família dentro dele, sem que mais vítimas fossem registradas.

Em uma coletiva de imprensa emocionante, Steward também lembrou que a morte de Brooks coincidiu com o oitavo aniversário de sua filha, que o esperava no sábado para comemorá-lo e que estava presente durante a aparição dos parentes à imprensa. A viúva do rapaz, Tomika Miller, também discursou com as três filhas para agradecer o apoio recebido e para convocar os manifestantes que saíram às ruas a condenar a violência policial contra negros e protestarem de forma pacífica. Uma prima de Brooks disse que a única maneira de conseguir justiça será com condenações por assassinato, mas ressaltou: “A verdadeira justiça nunca prevalecerá porque nunca poderemos trazer Rayshard Brooks de volta à vida”.

* Com EFE

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