Rebeliões por superlotação e medo do coronavírus deixam 23 mortos na Colômbia

  • Por Jovem Pan
  • 22/03/2020 15h39
EFE/Mauricio Dueñas Castañeda Rebeliões na Colômbia deixaram pelo menos 23 mortos

Detentos de mais de dez prisões na Colômbia se revoltaram na noite de sábado (21) devido à superlotação e à falta de elementos para impedir a propagação do coronavírus. Em uma delas, a Modelo, em Bogotá, 23 presos morreram.

“O resultado da tentativa de fuga na Modelo foi 23 prisioneiros mortos, 83 feridos, dos quais 32 estão nos hospitais”, disse a ministra de Justiça colombiana, Margarita Cabello Blanco, em comunicado.

Segundo a ministra, como resultado do que ela chamou de uma tentativa de fuga maciça e criminosa na prisão Modelo e motins em várias prisões do país, sete funcionários do Instituto Penitenciário e Penitenciário Nacional (Inpec) também foram feridos, dois dos quais estão agora em estado crítico.

A rebelião na penitenciária Modelo foi a mais grave, embora também tenha havido situações semelhantes em outras duas cadeias de Bogotá, La Picota e El Buen Pastor, esta última apenas com mulheres. Também houve motim na prisão de segurança máxima em Cómbita, no departamento de Boyacá; em Picaleña; em Ibagué, capital de Tolima; em Jamundí no Valle del Cauca; em Pedregal e Bellavista, em Antioquia, entre outros.

A ministra detalhou que, apesar dos distúrbios, nenhum detento conseguiu escapar. “Aqui houve um plano criminoso de fugas que foi frustrado”, declarou Cabello, que frisou que, ao contrário do que dizem os reclusos, nas prisões não há problema de saúde algum.

“Hoje não há um único contágio, nem um único prisioneiro, nem um único órgão administrativo ou de custódia que tenha um coronavírus ou que possa ser isolado por um coronavírus”, garantiu.

Farc

“Neste momento em mais de dez centros de detenção na Colômbia, as pessoas privadas de liberdade estão protestando contra condições sanitárias precárias”, afirmou durante a noite o partido político Força Alternativa Revolucionária do Comum, novo nome das Farc, nas redes sociais.

Em vídeos gravados por moradores de bairros vizinhos nas diferentes prisões, os detentos são ouvidos gritando “liberdade, liberdade”, enquanto outros comemoram ter conseguido escapar, com sons que parecem ser de balas ao fundo.

As Farc também publicaram vídeos em que os presos são vistos batendo nas barras e portas das prisões e até incendiando alguns pertences.

Coronavírus

Aparentemente, o medo do coronavírus, que já deixa um morto e 210 infectados na Colômbia, foi o gatilho para os distúrbios, que, no entanto, ocorreram simultaneamente em várias regiões do país.

A prefeita de Bogotá, Claudia López, garantiu que o Instituto Nacional Penitenciário e Prisional da Colômbia (Inpec), encarregado de administrar as prisões, está enfrentando o motim em Modelo e La Picota.

Ela acrescentou que a Secretaria de Segurança da capital coordena a polícia para oferecer reforço externo e garantir a segurança dos bairros vizinhos.

As Farc lembraram que há duas semanas o Movimento Nacional Prisional (MNC) rejeitou em um comunicado as políticas e ações que o Inpec e as entidades governamentais adotaram nas prisões colombianas, consideradas ineficientes.

Os presos denunciaram que o sistema penitenciário colombiano vive em precariedade, uma situação que se manifestou na superlotação de 53% em nível nacional. Por isso, não possui condições decentes para sua sobrevivência.

“Não havendo infraestrutura suficiente para o número de pessoas, agravam-se os problemas sanitários, como a falta de abastecimento de água 24 horas por dia; a disseminação de vetores como percevejos, mosquitos, ratos e pombos; a falta de condições climáticas e ambientais e as péssimas condições de limpeza dos espaços comuns”, denunciaram.

Eles também reclamam que o sistema de saúde para os presos entrou em colapso anos atrás, porque as áreas de cuidados dos detentos não oferecem atendimento adequado e também não há médicos suficientes disponíveis para a população carcerária.

*Com EFE

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