Reino Unido e EUA começam a negociar acordo comercial de ‘alto padrão’

  • Por Jovem Pan
  • 05/05/2020 16h42
EFE/EPA/FACUNDO ARRIZABALAGA Donald Trump e Boris Johnson

O Reino Unido e os Estados Unidos começaram, nesta segunda-feira (5), a elaborar um complexo acordo comercial com o qual Londres pretende eliminar as tarifas transatlânticas depois do Brexit e vai colocar ainda mais pressão na negociação que vem realizando em paralelo com a União Europeia.

A primeira rodada de conversas, que vem sendo realizada por videoconferência e deverá se prolongar até o próximo dia 15, envolve mais de 100 negociadores em cada uma das equipes, divididos em 30 grupos que cobrirão vários aspectos.

Estão previstas rodadas de negociações de duas semanas a cada 45 dias. O governo britânico ainda não detalhou um prazo máximo para a conclusão de um tratado e se recusou a esclarecer se pretende tê-lo pronto até 31 de dezembro, quando Londres deverá romper definitivamente os laços com a UE.

Em comunicado conjunto à imprensa, as partes destacaram que um acordo de livre comércio é uma prioridade para os dois países e pretendem negociar a um ritmo acelerado.

“Boris Johnson (primeiro-ministro do Reino Unido) deixou claro que somos líderes no livre comércio e que este acordo tornará ainda mais fácil fazer negócios com nossos amigos do outro lado do Atlântico”, declarou a ministra de Comércio Internacional, Liz Truss, que está à frente da equipe britânica.

O Representante Comercial dos EUA, Robert Lighthizer, por sua vez, afirmou que Washington está comprometido com um tratado “ambicioso e de alto padrão”.

“Este será um acordo histórico, consistente com as prioridades dos EUA e com as metas de negociação estabelecidas pelo Congresso na legislação americana”, enalteceu.

Os cálculos do governo britânico sugerem que o impacto positivo de um eventual acordo sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido pode ser limitado, mesmo no cenário mais favorável.

No início de março, o Departamento de Comércio Internacional britânico publicou um relatório em que prevê que o melhor resultado em 15 anos é um impulso de 3,4 bilhões de libras, o que representa 0,16% do PIB do país. Nesse cenário, a expectativa é que todas as tarifas comerciais serão abolidas e as condições “não-tarifárias” serão reduzidas pela metade.

Com isso, a possibilidade de o Reino Unido flexibilizar seus padrões alimentares e ambientais para se adaptar ao mercado americano, bem como abrir as portas das empresas dos EUA ao Sistema de Saúde Pública – algo que o governo tem negado – tem gerado polêmica nos últimos meses.

Os britânicos pretendem, entre outras coisas, obter facilidades para que sua indústria automotiva tenha maior acesso ao mercado americano. Nessa área, terá que enfrentar a política protecionista do presidente dos EUA, Donald Trump.

Como em seu diálogo com Bruxelas, Londres quer abordar ao mesmo tempo a possibilidade de facilitar as operações de suas empresas de serviços financeiros, apesar de especialistas ressaltarem as dificuldades de integrar esse aspecto a um acordo comercial convencional.

No final de abril, o Reino Unido e a União Europeia retomaram a segunda rodada de negociações para forjar uma nova relação bilateral após o Brexit, sem qualquer aproximação significativa.

O mês de julho foi estabelecido como prazo para Londres solicitar uma prorrogação do período transitório de um ano do acordo para saída da UE, que termina em dezembro, dentro do qual o país continua a ser integrado às estruturas comunitárias.

Apesar da falta de progresso no diálogo, o governo Johnson tem enfatizado em inúmeras ocasiões que não tem a intenção de pedir uma prorrogação para além de dezembro.

*Com informações da EFE

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