Rússia se compromete a escoar produção de grãos da Ucrânia para evitar escassez global
Vice-ministro das Relações Exteriores afirmou que para começar a liberar os navios, Ocidente deve aliviar as sanções impostas desde o começo da guerra
A Rússia está disposta a evitar a crise alimentar mundial, informou um diplomata do governo na quarta-feira, 26. Entretanto, para isso acontecer, eles querem que o Ocidente dê um fim as sanções que estão em vigor desde que o país invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro. “A resolução do problema alimentar requer um ponto de vista compreensivo, que implica sobretudo o fim das sanções contra as exportações russas e as transações financeiras”, disse Andrei Rudenko, vice-ministro das Relações Exteriores.
Rússia e Ucrânia são dois países com forte atuação no setor agrícola – só de trigo respondem por 30% da exportação de todo o mundo, correspondendo a 210 milhões de toneladas. Os ucranianos acuam os russos de represar 20 milhões de toneladas de grãos nos portos, que estão bloqueados desde que os russos iniciaram a guerra. Essa pausa nas exportações tem contribuído para uma crescente crise global de alimentos, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), que diz estar tentando negociar um acordo para desbloquear as exportações de grãos da Ucrânia
Para evitar uma situação mais drástica, o país de Vladimir Putin sinalizou que está pronto para criar “corredores humanitários” no Mar Negro para escoar a produção agrícola ucraniana e evitar um cenário de escassez global. Mas, para isso acontecer, além do Ocidente ter que aliviar algumas sanções, Rudenko também exigiu que Kiev retire as minas dos portos do Mar Negro para que os navios possam exportar cereais. “Eles (o Ocidente) precisam cancelar essas decisões ilegais que impedem o fretamento de navios, a exportação de grãos e assim por diante”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta quinta-feira, 26, que também culpou o Ocidente pela crise de alimentos devido a problemas para levar os grãos da Ucrânia aos mercados mundiais.
Durante entrevista realizada diariamente, ele rejeitou as acusações feitas pelos líderes ocidentais de que a Rússia mantém o mundo como refém ao bloquear os portos ucranianos. Na terça-feira, 24, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, acusou a Rússia de “chantagem” por confiscar estoques de grãos e máquinas agrícolas ucranianas e afirmou que os russos estão fazendo isso para aumentar os preços globais ou negociar trigo em troca de apoio político. Desde o começo do conflito, o preço dos grãos, óleo de cozinha, fertilizantes e energia aumentaram e prejudicaram o crescimento global. A Rússia conquistou alguns dos maiores portos marítimos da Ucrânia e sua Marinha controla as principais rotas de transporte no Mar Negro, onde a colocação extensiva de minas explosivas tornou o transporte comercial perigoso. As sanções também dificultaram o acesso de exportadores russos a navios para transportar commodities para os mercados globais.
*Com informações de Reuters e AFP
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