Rússia suspende acordo de grãos que evitou crise alimentar global e reduziu os preços de alimentos em mais de 20%
Porta-voz do Kremlin informou que assim que a parte relativa aos russos for cumprida, eles vão ‘retornar imediatamente’ o negócio
A Rússia encerrou nesta segunda-feira, 17, o acordo de exportação de grãos ucranianos que estava em vigor há um ano contribuiu para evitar uma grande crise alimentar global e reduziu os preços de alimentos em mais de 20% globalmente. “O acordo do Mar Negro terminou de fato hoje”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, à imprensa. O acordo deve expirar na terça-feira, 18. “Assim que a parte relativa à Rússia (do acordo) for cumprida, a Rússia retornará imediatamente ao acordo de grãos”, acrescentou. Há dias, os russos falam sobre a não renovação do acordo. Moscou ameaça há várias semanas não prorrogar o acordo, reclamando dos obstáculos criados para suas exportações de produtos agrícolas e de fertilizantes. No sábado, 15, durante uma conversa por telefone com seu homólogo da África do Sul, Cyril Ramaphosa, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que os objetivos não tinham sido cumpridos. “Vladimir Putin destacou que as obrigações estabelecidas no memorando entre Rússia e ONU sobre a retirada dos obstáculos para a exportação de alimentos e fertilizantes russos ainda não foram cumpridas”, informou o Kremlin.
“O principal objetivo do acordo, a entrega de grãos aos países em necessidade, em particular no continente africano, não foi alcançado”, acrescentou a presidência russa em um comunicado que relata a conversa entre Putin e Ramaphosa. Após a declaração do governo russo, as agências de notícias russas informaram que Moscou notificou a Turquia, a Ucrânia e a ONU que era contrária à extensão do acordo. “A Rússia notificou oficialmente as partes turca e ucraniana, assim como a secretaria da ONU, sua objeção à prorrogação do acordo”, afirmou à agência de notícias TASS, que citou como fonte a porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse na semana passada que discutiu e assumiu com o mandatário russo, Vladimir Putin, sobre a necessidade de o acordo prolongado, em meio a críticas de representantes do Kremlin de que a parte do pacto que deveria facilitar a exportação de seus alimentos e fertilizantes foram sistematicamente negligenciados.
Assinado em julho de 2022 em Istambul e já prorrogado em duas ocasiões, o acordo que permite à Ucrânia exportar seus cereais pelo Mar Negro possibilitou, durante os últimos 12 meses, transportou quase 33 milhões toneladas de alimentos – métricas de milho, trigo e outros grãos – foram exportados da Ucrânia para 45 países em três continentes. O acordo foi negociado em meio à crise alimentar desencadeada pela interrupção, como resultado da guerra, da queda de produção de produtos agrícolas – especialmente grãos e certos derivados, além de fertilizantes – de ambos os países, que estão entre os maiores exportadores de grãos do mundo. A Alemanha fez um apelo nesta segunda-feira à Rússia para prolongar o acordo, ao destacar que era crucial para a segurança alimentar. “O conflito não deve acontecer sobre as costas dos mais pobres do planeta”, disse a porta-voz do governo alemão, Christiane Hoffmann. A Ucrânia é uma das maiores exportadoras de grãos do mundo, ao lado da Rússia.
*Com informações das agências internacionais
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