Rússia suspende acordo de grãos que evitou crise alimentar global e reduziu os preços de alimentos em mais de 20%

Porta-voz do Kremlin informou que assim que a parte relativa aos russos for cumprida, eles vão ‘retornar imediatamente’ o negócio  

  • Por Jovem Pan
  • 17/07/2023 11h04
Foto de Oleksandr GIMANOV/AFP Grãos armazenados próximos de Odesa Foto de arquivo tirada em 14 de junho de 2022 mostra grãos de trigo em uma instalação de armazenamento em uma fazenda perto de Izmail, na região de Odessa, em meio à invasão russa da Ucrânia

A Rússia encerrou nesta segunda-feira, 17, o acordo de exportação de grãos ucranianos que estava em vigor há um ano contribuiu para evitar uma grande crise alimentar global e reduziu os preços de alimentos em mais de 20% globalmente. “O acordo do Mar Negro terminou de fato hoje”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, à imprensa. O acordo deve expirar na terça-feira, 18. “Assim que a parte relativa à Rússia (do acordo) for cumprida, a Rússia retornará imediatamente ao acordo de grãos”, acrescentou. Há dias, os russos falam sobre a não renovação do acordo. Moscou ameaça há várias semanas não prorrogar o acordo, reclamando dos obstáculos criados para suas exportações de produtos agrícolas e de fertilizantes. No sábado, 15, durante uma conversa por telefone com seu homólogo da África do Sul, Cyril Ramaphosa, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que os objetivos não tinham sido cumpridos. “Vladimir Putin destacou que as obrigações estabelecidas no memorando entre Rússia e ONU sobre a retirada dos obstáculos para a exportação de alimentos e fertilizantes russos ainda não foram cumpridas”, informou o Kremlin.

“O principal objetivo do acordo, a entrega de grãos aos países em necessidade, em particular no continente africano, não foi alcançado”, acrescentou a presidência russa em um comunicado que relata a conversa entre Putin e Ramaphosa. Após a declaração do governo russo, as agências de notícias russas informaram que Moscou notificou a Turquia, a Ucrânia e a ONU que era contrária à extensão do acordo. “A Rússia notificou oficialmente as partes turca e ucraniana, assim como a secretaria da ONU, sua objeção à prorrogação do acordo”, afirmou à agência de notícias TASS, que citou como fonte a porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse na semana passada que discutiu e assumiu com o mandatário russo, Vladimir Putin, sobre a necessidade de o acordo prolongado, em meio a críticas de representantes do Kremlin de que a parte do pacto que deveria facilitar a exportação de seus alimentos e fertilizantes foram sistematicamente negligenciados.

acordo de grãos

Assinado em julho de 2022 em Istambul e já prorrogado em duas ocasiões, o acordo que permite à Ucrânia exportar seus cereais pelo Mar Negro possibilitou, durante os últimos 12 meses, transportou quase 33 milhões toneladas de alimentos – métricas de milho, trigo e outros grãos – foram exportados da Ucrânia para 45 países em três continentes. O acordo foi negociado em meio à crise alimentar desencadeada pela interrupção, como resultado da guerra, da queda de produção de produtos agrícolas – especialmente grãos e certos derivados, além de fertilizantes – de ambos os países, que estão entre os maiores exportadores de grãos do mundo. A Alemanha fez um apelo nesta segunda-feira à Rússia para prolongar o acordo, ao destacar que era crucial para a segurança alimentar. “O conflito não deve acontecer sobre as costas dos mais pobres do planeta”, disse a porta-voz do governo alemão, Christiane Hoffmann. A Ucrânia é uma das maiores exportadoras de grãos do mundo, ao lado da Rússia. 

*Com informações das agências internacionais 

 

 

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