Rússia anuncia que ampliará cooperação econômica e militar com a Venezuela
Rússia e Venezuela anunciaram nesta sexta-feira (7) que ampliarão a cooperação econômica e militar apesar das sanções impostas por países como os Estados Unidos.
“Fechamos nosso caminho de trabalho futuro para aprofundar nossa cooperação econômica comercial de investimentos e em outras esferas apesar das sanções ilegítimas”, afirmou o chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, após uma reunião com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, em Caracas.
Depois do encontro no Palácio de Miraflores, o chefe da diplomacia russa condenou “todo o tipo de chantagem”, uma referência às sanções impostas pelos EUA a funcionários do alto escalão do governo chavista.
Entre os setores que devem receber mais investimentos, segundo o chanceler russo, estão energia, recursos naturais, indústria e agricultura.
Todos os aspectos dessa nova cooperação serão estudados pela Comissão Intergovernamental de Alto Nível Rússia-Venezuela, prevista para ser realizada em maio, em Moscou.
Além disso, Lavrov disse contar com a presença de Maduro na capital russa no próximo dia 9 de maio, quando o país fará uma grande festa para comemorar os 75 anos da vitória na Segunda Guerra.
Cooperação militar
A reunião de hoje também serviu para que Rússia e Venezuela acertassem um reforço na cooperação militar entre os dois países. O objetivo, de acordo com o chefe da diplomacia do Kremlin, é “aumentar a capacidade de defesa” dos venezuelanos.
“É importante desenvolver nossa capacidade de cooperação técnico-militar para aumentar a capacidade de defesa dos nossos amigos contra ameaças externas”, disse Lavrov.
A Rússia é um dos maiores aliados políticos e comerciais do chavismo. Desde a ascensão de Hugo Chávez ao poder, estima-se que os dois países assinaram 300 acordos de cooperação.
A Venezuela possui ao menos 20 unidades do caça-bombardeiro russo Sukhoi Su-30, cujas características são similares aos dos F-15 Strike Eagle dos EUA, além de armamento antiaéreo e radares de tecnologia da Rússia.
Também está sendo construída na Venezuela uma fábrica de rifles AK-47, arma que já é usada pela Força Armada Nacional Bolivariana (FANB). Segundo a agência russa Interfax, os contratos no campo técnico-militar entre Rússia e Venezuela são de cerca de US$ 11 bilhões.
Diálogo com a oposição
Lavrov reiterou o apoio da Rússia à mesa de diálogo entre o governo chavista e um pequeno setor da oposição. Para o chanceler, esse é um projeto “apoiado por todos” na Venezuela e que está aberto para contribuições de outros segmentos da sociedade.
A representatividade dessa mesa de diálogo é questionada pelos opositores liderados por Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por quase 60 países, entre eles os Estados Unidos e o Brasil.
O chanceler russo reiterou que qualquer solução para a crise venezuelana deve surgir dentro do país. Caso contrário, violaria o princípio de autodeterminação dos povos consagrado pela ONU.
“A Rússia fará o possível para apoiar esse enfoque na ONU, já que esse movimento de proteção da Carta das Nações Unidas está crescendo. Acertamos passos para aprofundar a cooperação nas plataformas internacionais”, disse Lavrov.
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