Símbolo dos protestos na Colômbia, estudante morto foi ferido por policial, aponta IML

  • Por Jovem Pan
  • 29/11/2019 11h25
EFE Depois de ser atingido por munição, Dilan Cruz, de 18 anos, sofreu trauma craniocerebral

O estudante Dilan Cruz, de 18 anos, que morreu, na última segunda-feira (25), após passar 3 dias internado, foi ferido por um policial colombiano. De acordo com o Instituto Médico Legal (IML) do país, o jovem foi atingido por uma do tipo “bean bag” (“saco de feijão”, em português), uma bolsa de tecido resistente com bolinhas de chumbo.

Dilan passou três dias internado no Hospital Universitário San Ignacio, mas não resistiu aos ferimentos. Ele morreu em consequência das lesões cerebrais que sofreu, no último sábado (23), durante as marchas no centro de Bogotá, e se tornou símbolo das manifestações na Colômbia.

O IML confirmou que a morte de Cruz foi do tipo “violenta – homicídio”. “A morte do jovem é consequência de um trauma craniocerebral penetrante causado por munição disparada por uma arma de fogo, que causa danos graves e irreversíveis ao cérebro”, disse a diretora , Claudia Adriana García Fino. No estudo balístico realizado pelo instituto, foi encontrada “munição de impacto, do tipo ‘saco de feijão’, disparado por arma de fogo, tipo espingarda, calibre 12”.

Apesar de o ministro da Defesa colombiano, Carlos Holmes Trujillo, ter se pronunciado, explicando que esse tipo de munição é permitido no país, o agente do Esquadrão Móvil Antidistúrbios (Esmad) que atirou na cabeça do jovem foi afastado do cargo. Sua identidade não foi divulgada.

O país tem protocolos sobre a distância e o ângulo dos disparos para não colocar em risco a vida das pessoas. É proibido, por exemplo, atirar a menos de 40 metros de distância e mirar na cabeça.

“Saco de feijão”

De acordo com o Ministério da Defesa, esse projétil é uma munição de uso regular das Forças do Esmad, “nas tarefas de controlar multidões, gerar obediência e dissuadir o infrator”. A bolsa é feita de kevlar, o mesmo material dos coletes à prova de balas; é um material de alta resistência e somente rompendo as fibras do tecido os pequenos projéteis poderiam ser liberados.

O ministro Trujillo disse que a munição tipo “saco de feijão” é um armamento não letal aprovado pelas Nações Unidas para ser usado por esquadrões de choque. Ele também disse que a arma usada para disparar o projétil, uma espingarda calibre 12, é classificada internacionalmente como uma arma não letal, adequada para esquadrões de choque em caso de distúrbios. Trujillo afirmou que em nenhum momento foram usadas armas não regulares nos eventos que causaram a morte do jovem de 18 anos.

Human Rights Watch

A Human Rights Watch, Organização Internacional de Defesa dos Direitos Humanos, publicou, na última terça-feira (26), um informe dizendo ser necessária uma reforma da força policial colombiana após esses protestos. “A polícia também espancou brutalmente manifestantes, atirou com munições chamadas “bean bag” (pequenas balas de chumbo dentro de uma bolsa de tecido), disparou cartuchos de gás lacrimogêneo e atropelou pessoas com veículos ou motocicletas oficiais”, diz o informe.

A Human Rights Watch afirma ter evidências consistentes de que a polícia usou força excessiva para responder aos protestos, ferindo milhares de pessoas, estivessem elas envolvidas em ações violentas ou não.”Os serviços de emergência do país trataram 11.564 pessoas feridas durante as manifestações de 18 de outubro a 22 de novembro, disse o Ministério da Saúde à Human Rights Watch. Desses, mais de 1.100 tiveram lesões moderadas ou graves”, diz o texto.

*Com informações da Agência Brasil

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