Suspeito de tentar alterar resultado da Geórgia, Trump pode sofrer quarta acusação por eleições de 2020

Ex-presidente pediu que um funcionário local ‘encontrasse’ 12 mil cédulas para ele conseguir o número necessário de delegados no Estado

  • Por Jovem Pan
  • 14/08/2023 20h58 - Atualizado em 14/08/2023 20h59
Ed JONES/AFP donald trump O ex-presidente dos EUA Donald Trump

Os promotores de Justiça da Geórgia iniciaram nesta segunda-feira, 14, a apresentação de provas contra o Donald Trump, acusado de tentar alterar o resultado das últimas eleições presidenciais neste estado do Sul dos Estados Unidos. Se ele for acusado, vai ser o quarto processo em menos de seis meses contra o político, que é o candidato favorito para representar o Partido Republicano no pleito do ano que vem. Em resposta as investigações, o ex-presidente atacou um dos depoentes na sua plataforma Truth Social; Segundo ele, o ex-vice-governador republicano Geoff Duncan “não deveria” testemunhar no caso. Trump também voltou a atacar a procuradora, alegando que ela está “apenas querendo pega-lo”. Além disso, ele reiterou, sem provas, que foi vítima de fraude na Geórgia em 2020, o que beneficiou o adversário democrata Joe Biden.

 Telefonema

Esta investigação teve início após um telefonema, ocorrido em janeiro de 2021. Na conversa, Trump pediu a um funcionário local, Brad Raffensperger, que “encontrasse” cerca de 12 mil cédulas com seu nome para ganhar os 16 delegados da Geórgia. Nos Estados Unidos, os cidadãos não elegem diretamente o presidente, mas escolhem os delegados que compõem o Colégio Eleitoral de cada Estado, eles que votarão em um ou outro candidato. De acordo com documentos judiciais, os investigadores relatam “um plano coordenado pela equipe de campanha de Trump” para forjar os resultados das eleições. Espera-se que as acusações revelem “uma série de atos ilícitos para reverter o resultado das eleições na Geórgia: hackeamento computadores, declarações falsas, assédio, etc.”, enumera Anthony Kreis, professor de direito da universidade deste Estado, nas redes sociais.

Especialistas jurídicos prevêem que a procuradora recorrerá a uma lei vigente na Geórgia sobre crime organizado, que geralmente é usada contra gangues e prevê pena de cinco à 20 anos de prisão. Ao contrário dos julgamentos federais, o processo judicial na Geórgia é televisionado, mas o magnata, que deve grande parte de sua fama a um programa de ‘reality show’, pode optar por ser representado por um advogado. Mesmo se vencesse as eleições de 2024, caso seja condenado, Trump não poderia perdoar a si mesmo ou fazer com que a procuradoria retirasse as acusações, porque trata-se de um caso nos tribunais do Estado da Geórgia, sobre o qual o estado federal não tem autoridade. O ex-presidente já foi acusado em outros três casos: suposta conspiração para alterar o resultado das eleições de 2020 em Washington, negligência na gestão de documentos confidenciais na Flórida, e supostos pagamentos ocultos a uma ex-atriz pornô para comprar seu silêncio em um tribunal de Nova York.

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