Suspeito de vazar documentos secretos do Pentágono é preso
A informação foi divulgada pelo Procurador-Geral dos Estados Unidos; Jack Teixeira é membro da Guarda Aérea Nacional e teria divulgado material em servidor do Discord
O FBI prendeu o homem que é suspeito de ter vazado documentos secretos do Pentágono. A prisão aconteceu na tarde desta quinta-feira, 13, em Massachussets, no Nordeste dos Estados Unidos, e foi confirmada pelo Procurador-Geral dos EUA. Segundo o procurador, Merrick Garland, o suspeito foi identificado como Jack Teixeira e é membro da Guarda Aérea Nacional de Massachussets e foi preso “sem incidentes”, devendo se apresentar em breve a um tribunal local. Segundo o jornal ‘The New York Times‘, Teixeira é líder de um grupo online chamado Thug Shaker Central, que tinha entre 20 e 30 membros que compartilhavam o gosto por armas, memes racistas e videogames. Ele teria divulgado os documentos em um servidor do Discord, utilizado por usuários para se comunicar durante partidas de videogame. O vazamento parece incluir avaliações e relatórios secretos de inteligência que abordam não apenas a Ucrânia e a Rússia, mas também análises muito delicadas sobre aliados dos Estados Unidos. No começo desta quinta, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que os investigadores estavam se aproximando de encontrar a fonte dos vazamentos. “Está sendo realizada uma investigação completa, com a comunidade de inteligência e o Departamento de Justiça e estão se aproximando” de algumas conclusões, disse Biden durante visita à Irlanda.
Os comentários do presidente se seguiram a uma reportagem do jornal The Washington Post, segundo a qual um homem que trabalhava em uma base militar americana havia publicado centenas de páginas de documentos em um grupo chamado Thug Shaker Central na plataforma de redes sociais Discord. O The New York Times, por sua vez, noticiou que havia identificado uma “pista de provas digitais” que apontava para um jovem membro da Guarda Aérea Nacional como o líder do grupo e responsável pelo vazamento, apesar de deixar claro que não havia sido identificado oficialmente como suspeito. O Wall Street Journal também apontou para um membro da Guarda Aérea Nacional e disse que poderia haver uma prisão nesta quinta-feira. Segundo os relatórios, o suposto autor dos vazamentos, que se identificava como “OG”, publicava regularmente documentos no grupo há meses. Os documentos vazados revelaram preocupação sobre a viabilidade de uma próxima contraofensiva das forças de Kiev contra as tropas russas, assim como sobre as defesas aéreas ucranianas, e deram sinais de espionagem de aliados por parte dos Estados Unidos.
O grupo online Thug Shaker Central, de cerca de 24 pessoas, se uniu por sua “paixão mútua por armas, equipamento militar e Deus” e formou um “clube na Discord apenas para convidados em 2020”, destacou o Post, que, assim como o Times, citou membros não identificados do Thug Shaker Central. OG disse aos membros do grupo que passava parte do dia “dentro de uma instalação segura que proibia os telefones celulares e outros dispositivos eletrônicos”, segundo o Post. Primeiro transcreveu o conteúdo dos documentos classificados para compartilhar com o grupo, mas logo começou a tirar fotos e pedir aos demais membros que não as compartilhassem, destacou o periódico. OG tinha uma “visão sombria do governo” e “falava dos Estados Unidos, e particularmente das forças de ordem e do serviço de inteligência, como forças sinistras que tentavam reprimir os cidadãos e mantê-los na escuridão”, acrescentou o Post, citando um dos membros do grupo.
A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse que os Estados Unidos estão “verificando as implicações para a segurança nacional” do vazamento, que motivou uma investigação criminal por parte do Departamento de Justiça. Devido ao vazamento, o Departamento de Defesa também tomou medidas para restringir ainda mais o acesso a este tipo de informação confidencial, disse Jean-Pierre a jornalistas da comitiva de Biden. Washington também quer que as empresas de redes sociais “evitem facilitar” a divulgação de material deste tipo, afirmou. “Acreditamos que as empresas de redes sociais têm a responsabilidade para com seus usuários e com o país de administrar a infraestrutura do setor privado que criaram e agora operam”, disse Jean-Pierre.
*Com informações da AFP e da Reuters
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.