Tratado que proíbe armas nucleares entra em vigor sem EUA e outras potências
Países como Estados Unidos, Rússia e China não assinaram o acordo internacional; Biden propõe à Putin extensão de cinco anos do New START
O Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares entrou em vigor nesta sexta-feira, 22, sem a assinatura das nove potências nucleares: Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte. O acordo internacional proíbe o uso, ameaça de uso, desenvolvimento, produção e teste de armas nucleares e recebeu a aprovação de 122 países durante uma Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) realizada em 2017. No entanto, as nações que mais possuem arsenal atômico se negaram a assiná-lo, justificando que suas armas nucleares servem apenas para dissuadir possíveis ataques e que elas não tem intenção de fornecê-las para outros países. Além das nove potências nucleares, o Japão também ficou de fora do tratado por questionar a sua eficácia, já que os países que representam as maiores ameaças não participam dele. Lembrando que, em 1945, o Japão foi alvo de bomba atômica em Hiroshima e Nagazaki.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, divulgou em seu perfil oficial no Twitter um vídeo em que comemora o início do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, ressaltando que ele é “o primeiro tratado de desarmamento nuclear multilateral em mais de duas décadas”. “O Tratado é um importante passo em direção ao objetivo de um mundo livre de armas nucleares”, afirmou. “As armas nucleares representam um perigo crescente e o mundo precisa de ações urgentes para garantir a sua eliminação e prevenir consequências catastróficas para o ser humano e o meio ambiente que qualquer uso causaria”, continuou Guterres. O evento também foi comemorado pelo Papa Francisco, que disse: “Encorajo fortemente todos os Estados e todas as pessoas a trabalharem com determinação para promover as condições necessárias por um mundo sem armas nucleares, contribuindo para o avanço da paz e da cooperação multilateral”.
Today, the Treaty on the Prohibition of Nuclear Weapons enters into force.
This is a major step toward a world free of nuclear weapons.
I call on all countries to work together to realize this vision, for our common security and collective safety. pic.twitter.com/ybDamSdCZs
— António Guterres (@antonioguterres) January 22, 2021
Encorajo fortemente todos os Estados e todas as pessoas a trabalharem com determinação para promover as condições necessárias por um mundo sem armas nucleares, contribuindo para o avanço da #paz e da cooperação multilateral.
— Papa Francisco (@Pontifex_pt) January 22, 2021
Estados Unidos x Rússia
Juntos, Estados Unidos e Rússia detém 90% de todo o arsenal atômico do planeta. Por esse motivo, os dois países mantém um pacto nuclear exclusivo entre eles, chamado New START, que limita em 1.550 o número de ogivas nucleares. No entanto, o acordo expira em fevereiro e as tentativas de renová-lo não foram bem sucedidas durante o governo de Donald Trump, que sempre buscava incluir novas condições ao tratado que desagravam Vladmir Putin. O ex-presidente também desejava incluir a China, cujo programa está nuclear está em expansão, nas tratativas, mas não obteve nenhum sucesso nesse sentido. A expectativa é que as partes cheguem a um consenso com o novo mandato de Joe Biden, que nesta sexta-feira, 22, propôs a prorrogação por cinco anos do New START. A Rússia ainda deve analisar os detalhes da proposta norte-americana.
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