Trump e May negam atrito e vislumbram acordo bilateral após Brexit

  • Por Jovem Pan com agências
  • 13/07/2018 12h19 - Atualizado em 13/07/2018 15h24
EFE/ Chris Ratcliffe Presidente dos EUA Donald Trump toma a mão da premiê britânica Theresa May após reunião em Chequers, Aylesbury, nesta sexta (13)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, mostraram-se afinados não apenas na questão comercial, durante entrevista coletiva nesta sexta-feira, mas também sobre a necessidade de garantir a segurança das fronteiras.

Trump criticou duramente as leis imigratórias dos EUA e chegou a dizer que “nem as chamaria de leis”, mas enfatizou o trabalho de seu governo para endurecer as fronteiras e buscar regras mais duras para controlar o fluxo de pessoas. Para Trump, a imigração “tem sido muito ruim para a Europa”, pelos riscos de entrada de extremistas e pela suposta perda de identidade cultural. May, por sua vez, lembrou que um dos motivos na separação do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, é garantir o controle sobre a imigração. Ela disse que seu país tem orgulho de receber historicamente muitas pessoas, mas que é preciso ordenar esse fluxo.

Além da questão imigratória, May insistiu que o Brexit permitirá que busque acordos comerciais com vários outros países, inclusive com os EUA. A premiê disse que os países historicamente aliados buscarão um acordo “ambicioso”. Ela citou como um de seus alvos futuros a região do Pacífico, sem especificar nações nesse caso.

“Não haverá limites na nossa possibilidade de estabelecer acordos comerciais com todo mundo quando abandonarmos a UE, sobre a base do acordo de Chequers que remetemos à UE”, afirmou a primeira-ministra. Desta forma, a chefe do Executivo britânico defendeu o acordo que motivou a renúncia de dois dos seus principais ministros, que entendiam que com ele o Reino Unido fica submetido à UE.

Trump, por sua vez, agradeceu o apoio da premiê durante a cúpula desta semana da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Bruxelas, durante a qual ele insistiu por um aumento nos gastos em defesa dos membros da aliança. “Tivemos uma reunião muito produtiva”, afirmou, negando que o resultado do encontro tenha sido ruim.

May agradeceu o apoio do governo de Washington no episódio do envenenamento em março de um ex-espião russo na Inglaterra. Londres atribuiu a culpa no episódio ao governo do presidente russo, Vladimir Putin, e os EUA apoiaram o aliado com a expulsão de diplomatas russos. Agora, Trump deve se reunir com Putin nesta segunda-feira, diálogo que May disse apoiar. O presidente americano afirmou que não tem grandes expectativas sobre o encontro, mas que poderia haver avanços importantes. Sem entrar em detalhes, comentou que um interesse seria um acordo para a redução de armamentos nucleares. Na pauta com Putin, informou que deve estar temas como a situação na Ucrânia, na Síria, no Oriente Médio em geral e também a questão da proliferação nuclear. “Certamente tratarei do assunto da suposta interferência da Rússia na eleição”, comentou.

May aconselhou Trump a comparecer à reunião com uma “posição de força” e com união no seio da Otan.

Irã

Trump disse que há concordância com May sobre a necessidade de que o Irã nunca tenha armas nucleares. “Concordamos que é preciso manter a pressão sobre o regime iraniano.”

Durante vários momentos, Trump agiu para enfatizar seu apoio a May, após declarações vistas como críticas a ela em uma entrevista a um jornal britânico. O presidente americano disse que aceitará seja qual for a decisão sobre o Brexit e admitiu que a negociação “não é fácil, certamente”.

Trump ainda criticou os alemães pelo acordo sobre um gasoduto com a Rússia, qualificando-o como “uma tragédia”. Na avaliação dele, desse modo a Alemanha fica vulnerável no futuro, já que muito de sua energia dependeria dos russos. May disse que trata do assunto no âmbito da UE, que o Reino Unido ainda integra até março próximo, lembrou, ressaltando em mais de um momento que depois disso o país já estará separado do bloco.

Imigração

Trump e May também se mostraram afinados sobre a necessidade de garantir a segurança das fronteiras.

Trump criticou duramente as leis imigratórias dos EUA e chegou a dizer que “nem as chamaria de leis”, mas enfatizou o trabalho de seu governo para endurecer as fronteiras e buscar regras mais duras para controlar o fluxo de pessoas. Para Trump, a imigração “tem sido muito ruim para a Europa”, pelos riscos de entrada de extremistas e pela suposta perda de identidade cultural. May, por sua vez, lembrou que um dos motivos na separação do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, é garantir o controle sobre a imigração. Ela disse que seu país tem orgulho de receber historicamente muitas pessoas, mas que é preciso ordenar esse fluxo.

“Otan nunca esteve tão unida”

Trump reafirmou nesta sexta-feira que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) “nunca esteve tão unida”, na sua avaliação. Trump falou antes da reunião com a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, elogiada por ele.

Após uma reunião tumultuada da cúpula da Otan em Bruxelas nesta semana, Trump minimizou as divergências dentro do grupo. Anteriormente, ele havia insistido para que os demais países passem a gastar mais em defesa, argumentando que os EUA são onerados excessivamente. Hoje, porém, deu declarações conciliadoras sobre a aliança.

Sobre May, Trump afirmou que ambos possuem uma relação ótima, comentando sobre o encontro deles no dia anterior. “Provavelmente nunca desenvolvi relação melhor com a premiê do Reino Unido”, disse. Anteriormente, o presidente americano disse em entrevista ao jornal The Sun que o modelo pretendido pela premiê para a separação do Reino Unido da União Europeia ameaça um acordo de livre comércio entre britânicos e americanos. May, por sua vez, comentou que os EUA são o parceiro mais duradouro do Reino Unido. Os dois líderes devem conceder entrevista coletiva conjunta nesta manhã.

Com Estadão Conteúdo e EFE

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