Ucrânia aceita neutralidade e Rússia concorda em reduzir ataques a Kiev e região

Em rodada de negociações na Turquia, países avançam em pontos cruciais e até falam sobre possível conversa entre Putin e Zelensky

  • Por Jovem Pan
  • 29/03/2022 13h47 - Atualizado em 29/03/2022 14h22
EFE/EPA/TURKISH PRESIDENT PRESS OFFICE HANDOUT HANDOUT EDITORIAL negociação russia e ucrania Rússia e ucrânia avanças nas negociações de cessar-fogo

Representantes da Rússia e Ucrânia se reuniram nesta terça-feira, 29, em Istambul, na Turquia, para realizar uma nova rodada de negociações. Pela primeira vez desde o início da guerra, ambos os lados informaram que houve avanços significativos. A Ucrânia aceitou adotar um status neutro e abrir mão de fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). “Aceitaremos um ‘status’ neutro, se o sistema de garantia de segurança funcionar”, disse David Arakhamia, deputado ucraniano que participou da rodada de negociações. “Se conseguirmos consolidar as disposições-chave, e para nós isso é o mais fundamental, então a Ucrânia estará em posição de realmente fixar seu status atual como um Estado que não fará parte de um bloco e não nuclear, na forma de neutralidade permanente”, acrescentou o negociador ucraniano Oleksander Chaly. Já a Rússia, se propôs a reduzir os ataques na região de Kiev e na cidade de Chernihiv. “A fim de aumentar a confiança mútua e criar as condições necessárias para novas negociações e alcançar o objetivo final de concordar e assinar (um) acordo, foi tomada a decisão de reduzir radicalmente, por uma grande margem, a atividade militar nas direções de Kiev e Chernihiv”, declarou David Arakhamia.

O ingresso da Ucrânia na União Europeia foi outro tema tratado durante esta reunião que voltou a ser realizada de forma presencial. Isso não acontecia desde o dia 10 de março. De acordo com o conselheiro presidencial, Mikhailo Podolyak, o desejo do país de ingressar na Otan não existe mais, entretanto, nenhum acordo pode impedir que entrem para União Europeia, pois essa seria uma garantia de segurança para a soberania da Ucrânia. Por meio de um tuíte, ele informou brevemente sobre os pontos que foram abordados. “Tratado de garantias de segurança com um análogo aprimorado do Artigo 5 da Otan. Estados garantidores (EUA, Reino Unido, Turquia, França, Alemanha etc.) legalmente envolvidos na proteção de qualquer agressão. Implementação através de um referendo e parlamentos dos estados garantes”. Segundo Fomin, a Rússia não é contra o ingresso da Ucrânia na União Europeia. “Essas propostas serão consideradas em um futuro próximo, relatadas ao presidente, e nossa resposta será dada”, disse Medinsky. O artigo 5º do tratado da Aliança Atlântica estabelece que um ataque contra um de seus membros é considerado uma agressão a todos os demais.

 

Pela primeira vez a Rússia abriu mão de uma de suas exigências, ela abandonou a demanda pela “desnazificação”,  da “desmilitarização” e proteção do status do idioma russo”. Segundo o jornal britânico Financial Times, existe a possibilidade de a “desnazificação” estar agora restrita à derrota do Batalhão Azov e milícias consideradas de extrema direita. Em decorrência dos avanços que houveram nesta terça, representantes dos dois países falaram que já dá para pensar em um encontro entre Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky para conversarem sobre o cessar-fogo e discutirem as suas exigências. “Os resultados da reunião de hoje são suficientes para um encontro a nível de chefes de Estado”, declarou David Arakhamia. Por outro lado, o negociador da Rússia, o vice-ministro da Defesa russo, Alexander Fomin, informou que já é possível acelerar o processo de encontro entre os líderes. Desde o início da ofensiva em 24 de fevereiro, Moscou sempre recusou essa proposta de Kiev. O território da Crimeia, que está anexado pela Rússia desde 2014, também foi discutido durante o encontro nos negociados. Por meio de uma rede social, Podolyak informou que foi oferecido “registrar claramente a intenção das partes de resolver a questão exclusivamente por meio de negociações bilaterais dentro de 15 anos”, entretanto, enfatizou que foi proposto “não resolver a questão da Crimeia por meios militares em nenhum caso. Apenas esforços políticos e diplomáticos”.

 

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