Rússia sofre para avançar, Ucrânia retoma cidade estratégica e prepara contra-ataque

Russos têm tido problemas para abastecer as tropas; na diplomacia, Zelensky falará a líderes da Otan

  • Por Jovem Pan
  • 22/03/2022 21h12 - Atualizado em 22/03/2022 21h33
EFE / EPA / Andrzej Lange Prédio destruído em Kharkiv Prédio destruído em Kharkiv: ataques russos continuam apesar de reveses no solo

No 27º dia da  invasão da Rússia à Ucrânia, a situação parece estar a favor dos defensores. Nesta terça, 22, os militares ucranianos anunciaram terem retomado a cidade de Makariv, importante subúrbio de Kiev, que fica a 60 quilômetros da capital, o que significa ter o controle de uma estrada para abastecimento e reduzir o cerco à capital. Além disso, os militares ucranianos também planejam um contra-ataque, para retomar mais territórios ao redor de Kiev e no sul do país, principal região sob ataque russo. A intenção é de voltar a dominar cidades como Kherson. As informações são corroboradas pelo Pentágono, o Comando Militar dos Estados Unidos. “Estão perseguindo os russos tirando-lhes de lugares onde já haviam estado previamente”, declarou o porta-voz John Kirby. Segundo ele, em Mykolaiv, cidade no sul do país, as tropas estão defendendo o acesso ao porto de Odessa. “Temos visto que isso agora tem aumentado nos últimos dias”, indicou. Kirby também declarou que a resistência ucraniana, respaldada por milhões de dólares concedidos em ajuda militar pelas potências ocidentais, tem sido, inesperadamente, feroz e agora os ucranianos estão se reposicionando “em alguns lugares e frequentemente à ofensiva”.

O Pentágono ainda afirmou que as tropas russas tem tido problemas de abastecimento. “Estão ficando sem combustível. Estão ficando sem alimentos. Não estão integrando suas operações de maneira conjunta como pensaria fazer um exército moderno”, pontuou Kirby, que considerou que os russos “estão frustrados” e foi isso, junto “à sua própria inaptidão”, fez com que eles desacelerassem. Nos últimos dias, órgãos de inteligência de Estados Unidos e Reino Unido relataram que os russos têm tido dificuldade em estabelecer linhas confiáveis para o fornecimento de suprimentos, devido à falta de supremacia aérea e a uma guerra de guerrilhas mantida pelos ucranianos. De acordo com os ucranianos, os inimigos tem apenas mais três dias de munição e comida. Por outro lado, o bombardeio de Mariupol continua, e a cidade seria importante por permitir uma ligação entre a Crimeia e as regiões dominadas por Moscou no leste ucraniano.

Na esfera diplomática, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky terá uma oportunidade de entregar sua mensagens diretamente à Otan. Na quinta, 24, Zelensky participará da reunião de líderes do bloco de forma virtual. “Esta será uma oportunidade para os líderes aliados ouvirem diretamente do presidente Zelensky sobre a terrível situação que o povo da Ucrânia enfrenta por causa da agressão da Rússia”, afirmou um oficial da aliança militar à agência de notícias AFP. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, viajou à Europa para participar presencialmente da reunião. Do lado russo, um fala preocupante: o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a Rússia pensa em utilizar armas nucleares apenas se a existência do país estivesse ameaçada – no entanto, vale lembrar que os russos consideram que a Ucrânia entrar na Otan ou na União Europeia é uma ameaça. As negociações de paz estão pausadas, e Zelensky insiste por uma conversa direta com Putin. Nesta terça, ele se dispôs a conversar sobre os status das regiões consideradas pela Ucrânia como seu território, a Crimeia e o Donbass, que hoje estão sob domínio russo.

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