UE impõe novas sanções a Rússia em resposta a anexação de territórios na Ucrânia
Pacote inclui a proibições de importação de produtos russos como forma de privá-los de uma receita adicional de € 7 bilhões (cerca de R$ 36 bilhões)
A União Europeia (UE) propôs um oitavo pacote de sanções contra a Rússia pela guerra na Ucrânia. Essas novas imposições são em decorrência dos referendos de anexação de cinco regiões ucranianas que as tropas de Vladimir Putin tem controle parcial. Entre as sanções estão um teto para o preço do petróleo russo, além de medidas restritivas contra os responsáveis pelos referendos de anexação de territórios ucranianos. “Um teto ao preço do petróleo ajudará a reduzir as receitas da Rússia, por um lado, e manterá o mercado global de energia estável, por outro. Neste pacote, estamos lançando as bases legais para esse teto de preço”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, acrescentando que os russos utilizam os lucros da venda de combustíveis fósseis para financiar sua ofensiva. O pacote inclui novas proibições de importação de produtos russos. “Isso manterá os produtos russos fora do mercado europeu e privará a Rússia de uma receita adicional de € 7 bilhões”, segundo Von der Leyen. Também propõe ampliar a lista de produtos que não podem mais ser exportados para a Rússia. “O objetivo aqui é privar o complexo militar russo de tecnologias-chave. Por exemplo, esses componentes adicionais de aviação, peças eletrônicas e substâncias químicas específicas”, completou.
Este oitavo pacote de sanções também proibirá os cidadãos europeus de ocuparem cargos nos conselhos de empresas estatais russas. O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, anunciou, por sua vez, que o novo pacote de sanções incluirá “os envolvidos na ocupação e na anexação ilegal de áreas da Ucrânia”, propondo aplicar sanções “às autoridades russas designadas em Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhia”, bem como às pessoas que “organizaram e facilitaram falsos referendos”. O resultado parcial dos referendos aponta vitória por mais de 90%. Von der Leyen considera essa posição russa como “uma tentativa ilegal de tomar terras e mudar as fronteiras internacionais pela força” e afirmou que não vão “aceitar referendos falsos, ou qualquer tipo de anexação na Ucrânia. E estamos determinados a fazer o Kremlin pagar por essa nova escalada”.
Nesta quarta, as autoridades pró-Rússia das regiões ucranianas de Luhansk e Kherson anunciaram pediram ao presidente russo a anexação à Rússia. “Caro Vladimir Vladimirovich, pedimos que examine a questão da adesão da República Popular de Luhansk à Rússia como um assunto da Federação da Rússia”, declarou o líder separatista de Luhansk (leste), Leonid Pasechnik, em um texto publicado no Telegram. “Somos conscientes do vínculo histórico, cultural e espiritual com o povo multinacional da Rússia”, afirmou Pasechnik, que anunciou uma viagem a Moscou, ao lado de seu colega da região ucraniana de Donetsk (também no leste), Denis Pushilin, para formalizar o pedido de anexação à Rússia. Uma carta similar foi enviada por Vladimir Saldo, que comanda a administração de ocupação de Kherson.
Diante dos últimos ocorridos, o governo ucraniano fez um apelo aos aliados para que transformem as críticas em fatos concretos. “A Ucrânia pede à UE, Otan e ao G7 que aumentem a pressão sobre a Rússia de maneira imediata e significativa, incluindo a imposição de novas sanções duras, assim como um aumento significativo da ajuda militar à Ucrânia”, afirmou o ministério das Relações Exteriores em um comunicado. O ministério mencionou em particular “tanques, aviões de combate, veículos armados, artilharia de longo alcance, material antiaéreo e equipamento de defesa antimísseis”. Os referendos representam um ponto de inflexão na guerra após a contraofensiva de sucesso da Ucrânia nas últimas semanas, que levou Putin a anunciar uma mobilização parcial de reservistas.
*Com informações da AFP
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