UEE e Irã assinam acordo de livre-comércio, em meio à crise iraniana
A União Econômica Eurasiática (UEE) e o Irã assinaram nesta quinta-feira (17) um acordo que estabelece uma área de livre-comércio que reduz as tarifas das importações e exportações bilaterais por um período de três anos.
“O Irã se tornou parceiro de uma grande união econômica. O acordo terá resultados positivos para toda a região”, declarou o ministro de Indústria, Mineração e Comércio iraniano, Mohammad Shariatmadari.
A UEE é integrada por Rússia, Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão e Quirguistão e já negociou anteriormente acordos de livre-comércio com outros países não regionais, como Vietnã e China.
Shariatmadari disse que seu país, com um faturamento de vendas anuais de US$ 20 bilhões, é um bom parceiro para a UEE e “está interessado na simplificação dos problemas de exportação, a eliminação das barreiras e o estabelecimento de relações comerciais e econômicas estáveis”.
Por sua vez, o presidente da Junta da Comissão Econômica Eurasiática, Tigran Sargsyan, comemorou o acordo fechado entre a organização e o país asiático, ao qual qualificou como “o primeiro passo para estabelecer um novo tipo de relação econômica entre as partes”.
“O mercado iraniano é muito grande e dinâmico e, por isso, é tão atrativo para nossos empresários”, explicou Sargsyan.
Este acordo, que as partes assinaram dentro da realização do Fórum Econômico Astana, inscreve-se em uma situação crítica após a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã.
“Certamente que estamos preocupados, mas temos nossos próprios interesses econômicos e tentaremos implementar todas as normas que temos neste acordo”, disse Sargsyan.
Para Rakhim Oshakbayev, diretor do Centro Talap e analista político cazaque especializado na União Econômica Eurasiática, “o acordo entre Irã e UEE era previsível e uma das consequências da saída dos Estados Unidos do acordo com o Irã”.
“Acredito que é bom e significaria que a política externa dos Estados Unidos não funciona completamente”, disse Oshakbayev.
Mesmo assim, o analista político não rejeita um possível ajuste do Cazaquistão a respeito do acordo com o Irã se este supusesse sanções por parte da Administração do presidente dos EUA, Donald Trump.
“Temos uma relação bilateral e assinamos acordos bilaterais, mas para mim não está claro porque não acredito que o Cazaquistão vá ir contra a política americana”, explicou Oshakbayev.
“Definitivamente, o Cazaquistão evitará qualquer sanção dos Estados Unidos e se os Estados Unidos dizem que trabalhar com estas companhias trará sanções, nós (o Cazaquistão) evitaremos, é a minha opinião, trabalhar com o Irã apesar destes acordos de alto nível com a UEE”, acrescentou a autoridade.
O acordo entre Irã e UEE adere aos princípios fundamentais da Organização Mundial do Comércio.
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