Vacina para a tuberculose pode evitar infecções e mortes pela Covid-19, diz pesquisa

No Brasil, a imunização contra o bacilo Calmette-Guérin (BCG) é obrigatória, e aplicada em dose única em bebês na maternidade, ou ainda no primeiro mês de vida

  • Por Jovem Pan
  • 31/07/2020 19h47 - Atualizado em 31/07/2020 19h48
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Marcelo Camargo/Agência Brasil Enfermeira aplicando vacina em uma criança Desde o início da pandemia, se fala na possibilidade da vacina contra a tuberculose, desenvolvida nos anos 1990, proteger contra o coronavírus

Um estudo conduzido pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, e publicado nesta sexta-feira, 31, na revista Science Advances indica que os países onde a vacina contra as formas graves da tuberculose é obrigatória apresentaram taxas mais baixas de infecção e morte pela Covid-19 durante o primeiro mês da pandemia em suas regiões. No Brasil, a imunização contra o bacilo Calmette-Guérin (BCG) é obrigatória, e aplicada em dose única em bebês na maternidade, ou ainda no primeiro mês de vida.

As pesquisas foram feitas nos EUA, onde a vacina é opcional. De acordo com o estudo, se fosse implementada, somente 460 pessoas teriam morrido pela Covid-19 no País no dia 29 de março de 2020 — data em que foram registrados 2.467 óbitos. Os cientistas também consideraram outros fatores que poderiam interferir na quantidade de mortes, como a disponibilidade de testes para coronavírus, média de idade dos pacientes, densidade populacional e sua taxa de migração.

Outros estudos

Uma pesquisa semelhante foi divulgada em junho, feita pelo Instituto de Tecnologia de Nova York, também nos Estados Unidos. Segundo o estudo, países que incluíram esse imunizante há décadas nos seus programas de vacinação populacionais seriam menos afetados pelo coronavírus, como o Japão e o Irã, que teve mortalidade elevada entre os idosos, que nasceram antes da obrigatoriedade da vacina no país. Já a Itália e os Estados Unidos, que apresentaram números elevados de mortes, não obrigam seus habitantes a tomar a imunização. No entanto, esta pesquisa foi criticada em comunicado feito pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) e outras duas entidades.

De acordo com os pesquisadores, o estudo de Nova York “tem falhas metodológicas significativas”. Portanto, segundo eles, não é possível recomendar a vacinação com a BCG para outras doenças. Além disso, ressaltam que há “contraindicação em muitas formas de imunodeficiência primaria e secundária, com risco de graves efeitos adversos”.

Desde o início da pandemia, se fala na possibilidade da vacina contra a tuberculose, desenvolvida nos anos 1990, proteger contra o coronavírus. Estudos estão sendo conduzidos na Holanda (Nijmegen’s Radboud University and
Utrecht University), Grécia (University of Athens), Austrália (University of Melbourne) e Reino Unido (University of Exeter) para avaliar se a vacinação com o BCG poderia aumentar resistência a infecções em geral, não especificamente à Covid-19, em profissionais de saúde e idosos. Na Austrália, os testes estão na fase 3.

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