Venezuela perdeu US$ 875 milhões com apagão elétrico, diz consultoria

  • Por Jovem Pan
  • 14/03/2019 16h48
Rayner Peña/EFE Produção do país teve situação agravada; blecaute durou sete dias

O ministro venezuelano de Comunicação, Jorge Rodríguez, nomeado pelo ditador Nicolás Maduro informou que o fornecimento de energia elétrica foi restabelecido totalmente na noite de quarta-feira (13) após blecaute que havia se iniciado há uma semana. Estados como Zulia, Táchira, Mérida e Barinas ainda tinham grandes áreas sem energia.

O pior apagão da história do país, que agravou uma crise em que a população sofre com falta de água e de comida, também deixou milhões em prejuízos em uma economia já arruinada. De acordo com a empresa de consultoria Ecoanálitica, as perdas causada pelo apagão já chegam a US$ 875 milhões. O valor é equivalente, hoje, a R$ 3,4 bilhões.

Na moeda corrente da Venezuela, os prejuízos somam aproximadamente 2,9 trilhões de bolívares. “A indústria está paralisada e para se recuperar o país terá de buscar o apoio multilateral e do setor petrolífero”, disse Asdrúbal Oliveros, diretor da Ecoanálitica. “Há uma paralisação importante em muitas áreas críticas do setor petrolífero.”

Esses problemas no setor de petróleo pode fazer com que o país perca “700 mil barris diários”, segundo Oliveros. Com a empresa de petróleo PDVSA – responsável por 95% arrecadação – operando no vermelho e minada pela corrupção, a reduzida produção de petróleo havia caído de 3,2 milhões de barris, em 2008, para 1 milhão antes do apagão.

A situação de emergência, que atingiu Caracas e 22 dos 23 Estados do país de 30 milhões de habitantes, começou na tarde da quinta-feira passada e, apenas na terça-feira, Nicolás Maduro garantiu que a luz estava sendo restabelecida em “quase todo” território. Maduro acusa Washington de ter lançado “ataques cibernéticos” e “eletromagnéticos” contra a hidrelétrica de Guri, que abastece 80% da população.

O líder opositor Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino, sustenta que o colapso se deve à “negligência” e à “corrupção”. Num país que há anos sofre com a escassez de alimentos, a crise de energia provocou perdas de US$ 5,5 milhões para os produtores de carne e laticínios, segundo a Federação Nacional de Pecuaristas.

O problema maior agora é a água. Longas filas se formavam em torno de caminhões-pipa cedidos pelo governo e prefeituras para abastecer a população, até mesmo em Caracas, onde as bombas de distribuição de água ainda não estavam funcionando normalmente e havia racionamento. Os hospitais também têm enfrentado situações dramáticas.

Na cidade de Maracaibo, capital do Estado de Zulia, foram registrados saques em mais de 500 lojas, segundo a Câmara Nacional de Comércio e Serviços. Um diretor do órgão, Felipe Capazzolo, advertiu que a “destruição de estabelecimentos comerciais diminui a possibilidade de abastecer com alimentos e remédios a população”.

O apagão provocou longas filas nos postos de gasolina, em razão do temor de escassez de combustível. Além disso, há problemas nas telecomunicações. Na quarta, a China, aliada de Maduro, ofereceu ajuda para restabelecer a eletricidade na Venezuela. “A China espera que a Venezuela possa encontrar rapidamente as causas deste acidente e quer oferecer sua assistência”, afirmou o porta-voz da chancelaria chinesa, Lu Kang.

A oferta chinesa foi anunciada logo após Maduro declarar que pediria ajuda à Rússia e ao Irã para investigar denúncias de um “ataque” ao sistema elétrico lançado pelos Estados Unidos.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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