Vítima de abusos diz que Papa ‘não leva a sério o problema’

  • Por Jovem Pan
  • 21/02/2019 13h24 - Atualizado em 21/02/2019 13h26
Pixabay "Se isso é o melhor que o papa tem a oferecer, esta cúpula será um absoluto fracasso. Não vai servir nem sequer em nível de relações públicas, nem como campanha de marketing", afirmou

O papa Francisco “não leva a sério o problema” dos abusos sexuais, disse nesta quinta-feira o espanhol Miguel Hurtado, que denunciou ter sido vítima de um monge da abadia de Montserrat (nordeste da Espanha), e que se mostrou profundamente “decepcionado” no primeiro dia da histórica cúpula de bispos para discutir o assunto, convocada pelo pontífice.

“Os pontos de reflexão que o papa Francisco deu aos bispos são muito, muito frouxos. Não incluem a tolerância zero, não diz que todo sacerdote que abusou de um menor tem que ser expulso imediatamente, não fala de mecanismos de prestação de contas para que os bispos encobridores e o abade de Montserrat (acusado de encobrir os abusos) sejam retirados dos seus postos de trabalho”, disse Hurtado aos jornalistas.

O espanhol se referia ao documento com 21 ideias que foi distribuído aos participantes, entre eles mais de cem representantes das conferências episcopais, para começar a trabalhar nesta cúpula, que vai até domingo no Vaticano.

Hurtado, que assim como outros homens afirma ter sido abusado sexualmente quando era adolescente pelo monge Andreu Soler, falecido em 2008, acrescentou que o documento “não fala de uma denúncia automática de todos os casos de abusos sexuais, diz que depende da lei de cada país, e há países que não protegem de forma adequada os menores”.

“Se isso é o melhor que o papa tem a oferecer, esta cúpula será um absoluto fracasso. Não vai servir nem sequer em nível de relações públicas, nem como campanha de marketing”, afirmou.

Para o espanhol, “isso demonstra que houve muito pouco trabalho prévio, muito pouca preparação” e que “o papa Francisco não leva a sério o problema”.

“Os bispos, abades, cardeais, já falaram com as vítimas, fazem isso periodicamente e, apesar de ouvirem os testemunhos, ao invés de responderem de forma humana denunciando o crime à polícia, o encobriram várias vezes”, insistiu.

*Com Agência EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.