Museu leva as Ilhas Malvinas até Buenos Aires

  • Por Agencia EFE
  • 26/06/2014 10h30
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Aldana Vales.

Buenos Aires, 26 jun (EFE).- Os argentinos podem agora visitar as Malvinas sem sair de Buenos Aires, através do primeiro museu sobre o arquipélago aberto na capital, que busca ressaltar a proximidade da Argentina com as ilhas.

O museu recria desde a história de Malvinas até a fauna e a flora local, e convida os visitantes a experimentarem sensações como o céu das ilhas e seu litoral.

“O argentino conhece pouco das Malvinas e é difícil explicar como imaginamos a vida ali”, explicou à Agência Efe o diretor do museu, Jorge Giles.

O museu fica em Esma, o maior centro de detenções clandestinas do país da ditadura militar (1976-1983), que foi transformado em um Espaço para a Memória.

Giles ressaltou que o museu trata “da vida e da paz, não da guerra”, numa tentativa de se distanciar do conflito bélico entre Argentina e Reino Unido em 1982.

Outro dos objetivos é “romper com essa ligação automática das Malvinas com a ditadura militar”, que utilizou a guerra “quase como tábua de salvação para se sustentar no poder em um momento em que sua decadência já era evidente”.

O percurso pelo museu começa com uma apresentação audiovisual, projetada em 360 graus, que recria a história e o ambiente nas ilhas, e termina com a histórica reivindicação argentina pela soberania do arquipélago.

Do outro lado da estrutura da projeção, uma linha de tempo recupera os 400 anos de história, desde a época em que as Malvinas eram colônia espanhola até a chegada dos ingleses, passando pelo breve tempo de comando argentino, estabelecido em Puerto Luis no século XIX.

As imagens, transmitidas através de modernos dispositivos interativos, permitem também aos visitantes acompanhar as várias reivindicações dos argentinos sobre as ilhas.

O museu recupera e exibe exemplos de civis como Miguel Fitzgerald, que voou da Patagônia com a intenção de deixar em terras malvinenses uma declaração e uma bandeira que reivindicavam soberania argentina.

Também aparecem figuras como Andrés Rivero, que não deixou as ilhas durante a ocupação britânica em 1833, e a Operação Condor de 1966, liderada pelo militante político Dardo Cabo, que levou até as Malvinas sete bandeiras argentinas, uma delas em exibição no museu.

Em outra sala são projetadas as três manifestações que aconteceram na histórica Praça de Maio de Buenos Aires na primeira metade de 1982: o protesto anterior à guerra, a comemoração popular diante da suposta recuperação das ilhas anunciada pelo então presidente Leopoldo Galtieri, e o repúdio após a rendição.

Giles explicou que os animais também “geram soberania” e se referiu aos restos de uma elefanta marinha, o único esqueleto completo em toda a região latino-americana, que é exibido no setor do museu dedicado à flora, à fauna e à geografia das ilhas.

“Os mesmos exemplares que estão na costa argentinas vão até as Malvinas. O albatroz sobrancelha negra é muito viajante e vai e vem entre as ilhas e a Patagônia”, explicou.

Aves, peixes, algas, telas interativas e jogos para crianças, tudo faz parte de um novo olhar que apresenta o arquipélago como mais uma parte da Patagônia argentina ou, como afirmou Giles, “desconstruir o conceito que propõe não se preocupar com esse par de rochas” situado no sul do Oceano Atlântico. EFE

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