Na Argentina, aplicativos monitoram preços controlados pelo governo

  • Por Agencia EFE
  • 02/02/2014 12h49

Víctor Ventura.

Buenos Aires, 2 fev (EFE).- O programa de controle de preços de 194 produtos de consumo básico iniciado pelo governo da Argentina pode ser fiscalizado em smartphones e tablets, por meio de aplicativos que permitem aos cidadãos encontrar os itens, verificar se custam o determinado e inclusive denunciar se algum estabelecimento não o cumpre.

O acordo “Preços Cuidados”, assinado entre o governo de Cristina Kirchner e grandes redes de supermercados no dia 13 de janeiro, inclui produtos como farinha, carne, verdura e pão, que devem manter o mesmo valor durante três meses, como parte de uma tentativa de conter a inflação que castiga o país.

Até o momento, três aplicativos, dois para Android e um para iPhone, registram o código de barras dos produtos para saber se estão ou não incluídos no programa e comprovar que o preço ofertado pelo estabelecimento é o correto.

A lista de produtos também está disponível em um site criado pelo governo, mas estes programas permitem comprovar os valores no próprio estabelecimento.

Um dos desenvolvedores do aplicativo “Precios Cuidados” para Android, Abraham, da companhia EstudioPedia, disse à Agência Efe que seu objetivo é “colaborar com os cidadãos”.

“Conhecemos a realidade nacional argentina, sabemos quais são nossos problemas, e queríamos ajudar”, explicou o programador, que já trabalhou em diversos aplicativos com fins sociais.

Seu programa “faz o que faz a página oficial do governo, nem mais, nem menos”, e está conectada com a caixa de e-mails de denúncias disponível no site.

Até a última quarta-feira, 4.500 usuários tinham baixado o aplicativo, que é gratuito.

Outro programa disponível é o “Precios OK”, também para o sistema operacional do Google, que comprova na hora se o estabelecimento está aderido ao programa.

“Continuem assim. Não só com os preços cuidados. Com preços de referência e para fazer acompanhamento de preços, lista de compras etc” ou “Um serviço para todos ao alcance das mãos. Participemos para defender nossos direitos” são alguns dos comentários deixados pelos usuários na lista de depoimentos.

O acordo de “Preços Cuidados” vale por enquanto em grandes supermercados da capital argentina e da província de Buenos Aires, embora o governo negocie ampliá-lo a pequenos estabelecimentos e às demais províncias do país.

Pelo efeito da desvalorização sofrida pelo peso nas últimas semanas, diversas redes limitaram a quantidade de unidades dos produtos estipulados ou eliminaram a possibilidade de incluí-los em promoções ou ofertas. Além disso, há desabastecimento de outros produtos incluídos na lista.

Na terça-feira passada, o chefe de gabinete argentino, Jorge Capitanich, ameaçou sancionar os supermercados que descumprirem o acordo.

“As ferramentas que o governo tem são múltiplas, e além das multas, incluem um extremo que pode levar ao fechamento”, advertiu Capitanich.

Durante o ano passado, o governo argentino iniciou diversas iniciativas para deter a alta de preços, como o programa “Olhar para Cuidar”, na qual voluntários “monitoravam” estabelecimentos para denunciar aumentos.

Em 2013, a inflação argentina foi de 10,9%, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos, mas de acordo com medições de consultoras privadas, chegou a 28,4%. EFE

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