Na Espanha, socialistas mudarão direção e PP insistirá no bipartidarismo

  • Por Agencia EFE
  • 26/05/2014 15h55

Madri, 26 mai (EFE).- Os socialistas da Espanha realizarão um congresso extraordinário para escolher um novo líder após os fracos resultados nas eleições europeias de ontem, enquanto o governante PP (centro-direita) defendeu que, apesar de sua própria queda, não se deve dar por acabado o modelo bipartidário.

No dia seguinte do pleito europeu os diferentes partidos analisaram os resultados e tiraram suas conclusões, depois que a jornada terminou com a vitória do PP (26%), seguido do PSOE (23%), mas com um descenso superior a 15 pontos em ambos casos em relação às eleições de 2009.

Esse afastamento dos cidadãos dos dois grandes partidos tradicionais foi aproveitado por força minoritárias, como a Izquierda Unida e os liberais centristas da UPyD, e especialmente por um partido criado há poucos meses, Podemos, que recolhe as exigências que em 2011 ocuparam ruas e praças da Espanha para reivindicar outro modo de fazer política.

A primeira conclusão das eleições veio do líder do PSOE, Alfredo Pérez Rubalcaba, que anunciou a convocação de um congresso extraordinário para escolher uma nova direção, ao assumir a responsabilidade da derrota, embora ele já fosse questionado antes do pleito por uma parte de seu partido.

Apesar de a esquerda em seu conjunto ter alcançado uma ampla presença nas urnas e de o PP ter caído notavelmente, os socialistas foram incapazes de capitalizar esse movimento, o que explicada a retirada de Rubalcaba.

Dentro desse segmento ideológico, a Izquierda Unida – terceira força com quase 10% dos votos – fez hoje um chamado à confluência de toda a esquerda política, social e cultural, incluindo o Podemos, para construir um novo país que rompa definitivamente com o bipartidarismo.

A convocação do líder da chapa da Izquierda Unida nas eleições, Willy Meyer, não oculta que, com cerca de 8% dos votos, o Podemos lhe superou em várias regiões, inclusive Madri.

O rosto visível do Podemos é Pablo Iglesias, um professor universitário habitual em debates políticos na televisão, que hoje disse à Agência Efe que a forte queda do PSOE nas eleições se deve a que as “elites da cúpula” do partido “traíram boa parte de seus eleitores”, que lhe deram as costas nas urnas.

O PP também reuniu hoje seu Comitê Executivo para analisar os resultados e vários dirigentes advogaram por realizar uma reflexão profunda após o pleito, especialmente pelos apoios perdidos, mas também para explicar aos cidadãos porque, no governo, tiveram que adotar decisões difíceis e impopulares para enfrentar a crise.

No entanto, o líder da chapa do PP ao Parlamento Europeu, Miguel Arias Cañete, afirmou hoje que ele seria mais prudente na hora de pedir “a certidão de óbito do bipartidarismo” e acrescentou que seu adversário “não era o PSOE, mas a abstenção”, que foi superior a 54%.

Os pleitos, aliás, puseram sobre a mesa outro debate, o do voto compulsório dos nacionalistas catalães no Estado espanhol.

Na Catalunha o partido mais votado foi ERC, que defende abertamente a capacidade de decidir sobre a soberania desse território em relação à Espanha e que considera que os resultados fortalecem esse processo.

O partido que governa a região, CiU (nacionalistas de centro-direita), se viu superado em votos, mas apelou ao governo central que “se movimente” após o triunfo nas eleições europeias de ontem das forças que apoiam a consulta sobre a eventual independência prevista para 9 de novembro e considerada ilegal por PP e PSOE. EFE

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