Na esteira dos EUA, Japão quer potencializar laços com Cuba

  • Por Agencia EFE
  • 01/05/2015 23h13

Havana, 1 mai (EFE).- O Japão quer potencializar suas relações com Cuba e apoiar sua “atualização” econômica em uma etapa marcada pela aproximação entre a ilha e os Estados Unidos com a visita do chanceler Fumio Kishida, que nesta sexta-feira começou sua agenda de atividades na visita oficial ao país caribenho.

Kishida aterrissou em Havana na quinta-feira, procedente dos EUA, para um visita com um marcado interesse em promover as relações econômicas e de cooperação bilaterais em diversas áreas.

Em sua viagem à ilha, o ministro japonês está acompanhado de uma missão de 20 empresas de setores como o logístico, o financeiro, o automobilístico, de infraestruturas, comércio, saúde e turismo.

“Queremos apoiar os esforços de Cuba para atualizar seu modelo econômico e há companhias japonesas interessadas em apoiá-la nesse processo”, disse a jornalistas em Havana um porta-voz da chancelaria japonesa.

A presença comercial do país asiático em Cuba é ainda reduzida, mas com projeções de incrementar-se perante as novas perspectivas econômicas que se apresentam na ilha, que precisa de US$ 2,5 bilhões de investimento estrangeiro para garantir o êxito de suas reformas econômicas para “atualizar” o modelo socialista.

Segundo a fonte, um dos elementos que encorajou Tóquio nesta aproximação com Cuba é a perspectiva pelo fim do embargo econômico mantido pelos EUA contra a ilha há mais de meio século.

Uma eventual suspensão desse embargo – decisão que não depende do governo do presidente de EUA, Barack Obama, mas do Congresso – permitiria a companhias japonesas estabelecidas nos EUA operar em Cuba.

A chancelaria japonesa reconheceu que durante a recente visita de Kishida aos EUA, o ministro japonês e o secretário de Estado do país americano, John Kerry, conversaram sobre o processo de degelo diplomático iniciado entre os governos de Washington e Havana.

Nessa conversa, Kishida manifestou seu apoio ao início do processo de normalização de relações entre Cuba e EUA, e Kerry, por sua parte, apoiou o interesse do Japão na ilha caribenha e a visita oficial do chanceler, de acordo com a fonte.

Nesta sexta-feira, o ministro japonês percorreu o centro histórico da capital cubana, as praias situadas no leste da cidade, e visitou a casa-museu Ernest Hemingway, que guarda o legado deixado pelo escritor americano após suas longas estadias na ilha, informaram à Agência Efe fontes da embaixada japonesa.

Também hoje Kishida se reunirá em Havana com empresários japoneses instalados na maior das Antilhas.

Já no sábado, último dia de sua estadia em Cuba, o ministro japonês tem em sua agenda um encontro com o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, que visitou o Japão em 2009 e 2013.

Por sua vez, os empresários japoneses que acompanham Kishida nesta viagem participarão de um fórum de negócios bilateral no Hotel Nacional de Havana e, além disso, devem visitar a Zona de Desenvolvimento Especial do porto de Mariel, localizada ao oeste de Havana, a primeira de seu tipo em Cuba, e destinada a se transformar em um grande centro empresarial para atrair investimento estrangeiro.

Números oficiais da balança comercial, oferecidos pela chancelaria japonesa, indicam que em 2014 o Japão exportou a Cuba o equivalente a US$ 35,05 milhões e, por sua vez, a ilha exportou ao país asiático bens no valor de US$ 16,72 milhões, principalmente café, tabaco e peixe.

Nos últimos meses já foram dados passos para estreitar laços entre Cuba e Japão, com a visita ao país asiático do vice-presidente do Conselho de Ministros de Cuba, Ricardo Cabrisas, no último mês de março, a de mais alto nível a esse país desde a que realizou em 2003 o então presidente Fidel Castro.

Cuba e Japão estabeleceram relações diplomáticas oficialmente em 1929, que se interromperam durante a Segunda Guerra Mundial e foram reatadas em 1957, dois anos antes do triunfo da revolução liderada por Fidel Castro, cujo governo foi reconhecido por Tóquio em 1959. EFE

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