Nalini ainda não conhece plano de reforma escolar, mas quer abrir “grande diálogo”
Na posse como novo secretário estadual de Educação de São Paulo, José Renato Nalini se disse aberto ao diálogo em relação à reorganização escolar proposta em 2015 pelo antigo secretário e que gerou grandes protestos entre alunos, com ocupação de prédios.
Nalini disse, porém, ainda não conhecer o polêmico projeto, que seria implantado pelo governo Alckmin, mas foi suspenso após pressões. O governo estadual, no entanto, não descartou o plano de separar as escolas estaduais por ciclos de ensino, o que resultaria no fechamento (ou mudança de função) de mais de 90 colégios.
“Eu vou ouvir o plano. Não surgiu do acaso. Deve ter sido estudado e discutido. Vou chamar a liderança, os responsáveis, os pensadores, e vamos abrir um grande diálogo”, afirmou Nalini durante a posse nesta quinta (28).
“É importante saber que há um secretário disposto a ouvir, disposto a dialogar”, garantiu o novo secretário, assumindo que ainda não conhece o plano de reorganização. “Vou conhecer agora”.
Perfil
Nalini deixou a presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo no final do ano passado por aposentadoria compulsória ao completar 70 anos. Ele também já foi presidente da Academia Paulista de Letras e é professor universitário.
Formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela PUC-Campinas em 1971 e com doutorado na USP, foi do Ministério Público paulista e atuou como desembargador e corregedor. Escreveu livros sobre Direito, formação de juízes e Etica.
Antes de assumir a pasta de Educação do estado, Nalini não tinha experiência na área pedagógica.
Reforma na Educação
O antigo secretário Herman Voorwald pediu para deixar a pasta logo após Alckmin revogar a reorganização das escolas estaduais, projeto encabeçado e defendido por ele, após várias semanas de protestos, ocupações de mais de 100 colégios por estudantes e desgaste político. Voorwald saiu em 4 de dezembro de 2015.
Escola Estadual Diadema ocupada por estudantes (Rovena Rosa/Agência Brasil – novembro/2015)
O polêmico projeto queria agrupar os alunos por faixas etárias e previa o fechamento – ou a utilização para outros fins – de 94 escolas. Cada colégio receberia apenas estudantes de um dos ciclos básicos do ensino: Ensino Fundamental 1, de 6 a 10 anos de idade, em média, Ens. Fundamental 2, de 11 a 14 anos, e Ensino Médio, com alunos de 15 a 17 anos.
A justificativa era de que a medida traria benefícios pedagógicos, aumentando a qualidade da educação, melhorando os indicadores e facilitando a gestão dos colégios que iriam aderir à mudança. Além disso, haveria vários colégios sub-utilizados no estado de São Paulo pela redução na demanda de alunos nas últimas décadas. Já os opositores à proposta temem que o deslocamento dos alunos para o colégio se torne muito maior, que professores sejam demitidos e apontam como real motivo da reforma uma tentativa de cortar gastos do orçamento estadual.
O governo chegou a informar os pais dos alunos do Estado a respeito das novas escolas onde seus filhos estudariam em 2016.
A pressão, porém, fez Alckmin adiar o projeto. O governador ainda pretende implementá-lo, mas prometeu que iria dialogar mais com os pais e ouvir as diversas demandas dos estudantes das escolas estaduais.
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