“Não é uma pauta de pré-condenação”, diz Aécio Neves sobre CPI da Petrobras

  • Por Jovem Pan - Exclusivo
  • 25/04/2014 09h40
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Sao Paulo, SP, BRASIL, 30-09-2013 15h02:***Exclusivo FOLHA*** . Senador e Presidente Nacional do PSDB, AECIO NEVES (MG), da entrevista para a reporter Vera Magalhaes no estudio da TV FOLHA na Redação do jornal Folha de SPaulo (Foto Eduardo Kanpp/Folhapress.PODER) Eduardo Knapp/Folhapress Aécio Neves fala sobre CPI da Petrobras

Em entrevista exclusiva à Jovem Pan nesta sexta-feira, o senador (PSDB-MG) e presidenciável Aécio Neves criticou o anúncio do presidente da casa legislativa, Renan Calheiros (PMDB-AL), de recorrer da decisão do STF por uma CPI que investigue de maneira exclusiva possíveis fraudes na Petrobras, especialmente no caso Pasadena. Aécio elogiou a decisão da ministra do Supremo, Rosa Weber, a qual classificou como “corajosa e absolutamente correta” e disse que a “CPI é a favor do país e não a favor da oposição”.

O senador mineiro falou ainda sobre a corrida eleitoral de que deve participar, o sentimento de mudança do brasileiro registrado pelas últimas pesquisas, as perspectivas econômicas do país frente às eleições, opinou sobre a obrigatoriedade do programa público de rádio “A voz do Brasil”, e, por fim, deixou em aberto a possibilidade de José Serra assumir como vice em sua chapa de campanha (Ouça a entrevista completa no áudio).

CPI da Petrobras

Na última quarta (23), Rosa Weber determinou, por meio de liminar, a instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar de maneira restrita supostas irregulariades da Petrobras, que incluem a compra de uma refinaria em Pasadena, nos Texas (EUA). A decisão desagradou políticos aliados ao Governo, que queriam uma CPI mista, em que se investigasse questões relacionadas ao porto de Suape, em Pernambuco, e ao suposto cartel do metrô de São Paulo.

Mesmo estando na Itália, o presidente do Senado, Renan Calheiros, enviou nota na noite desta quinta (24) afirmando que o órgão vai recorrer à decisão de Rosa Weber. Aécio classifica a postura de Renan como “mais um equívoco do presidente do senado”.

“A base do governo tentou vender a ideia de que essa era uma CPI que a oposição teria inventado para desgastar a presidente da República”, critica o político tucano. “Meu Deus! Essa CPI só está existindo e vai ser instalada porque ela é uma demanda da sociedade brasileira, que está indignada com essas denuncias de irregularidades gravíssimas que ocorrem na Petrobras”, avalia. “E não é só Petrobras”, acrescenta Aécio. “Eu acho que a CPI da Petrobras para esse Governo ainda está barato”, diz.

“Nós estamos vendo nas notícias de hoje um Governo batendo cabeça: ministros do Planalto, como (Ricardo) Berzoini dizendo que deve indicar os nomes da CPI, o Renan (Calheiros) achando que ainda pode protelar essa matéria de alguma forma”, examina Neves.

O mineiro diz também que a decisão da ministra do Supremo “fez valer a Constituição”, e critica a tese de Calheiros para contestá-la: “Se ela (Rosa Weber) aceita o argumento absolutamente sem sentido do presidente Renan Calheiros, de que se pode, após a obtenção de assinaturas para uma determinada investigação, acrescentar outros temas, nós estamos inviabilizando definitivamente esse instrumento da minoria (a CPI)”, diz Aécio. “Porque bastava no momento em que se alcaçassem as assinaturas necessárias, que a base do Governo incluísse não um dois ou três, 10, 20, 30 temas. Na hora da instalação da CPI, a base tem a maioria, e estabelece a investigação de outros temas sem a menor relevância”, preocupa-se o senador mineiro.

Aécio quer que os trabalhos da CPI comecem o mais breve possível: “Nós vamos à cpi, está na hora de indicarmos os nomes e começarmos a investigar com profundidade qual é a governança dessa empresa, qual é o nível de autonomia que esses diretores tinham, a que interesses eles serviam e, se houver responsabilidade, que sejam responsabilizados civil, se houver dolo, inclusive penalmente, aqueles que tomaram decisões contra o interesse da população brasileira, que é a sócia majoritária da Petrobras”, enuncia.

“A oposição, posso garantir, vai estar presente em todas as sessões buscando estabelecer uma pauta que não é de pré-condenação”, garante Aécio, que também é presidente nacional do PSDB. “O que nós ueremos é uma investigação”. “Essa CPI é a favor do país e não a favor da oposição”, decreta o senador.

Questionado sopbre a efetividade da comissão, tendo em vista a Copa do Mundo e, depois, a proximidade com as eleições de outubro, Aécio diz que, “apesar desse calendário um pouco apertado, nós temos condições de apresentar resultados importantes para o Brasil”. “Estou otimista, mas estou cobrando o preidente Renan (Calheiros) para que o mais rapidamente possível (ele) oficie aos líderes partidários para que possam fazer as indicações e, quem sabe semana que vem, na terça ou quarta, eu espero ainda na terça, podendo fazer a instalação da CPI”, conclui Aécio sobre o tema.

“Sentimento de mudança”

Questionado por Joseval Peixoto sobre os protestos que têm marcado o cotidiano do País desde junho passado, Aécio posicionou-se a favor dos manifestantes: “Eu sempre disse em realação a essas manifestações que os governantes devem recebê-las com a maior humildade”, disse. “E ela (a manifestação) não é dirigida à presidente da República, a esse ou aquele governador, é a todos aqueles que têm a responsabilidade de atender ao sentimento, às demandas da sociedade e não vêm atendendo”.

O provável candidato à Presidência disse estar “muito à vontade para apresentar ao lado de inúmeras cabeças capacitadas um projeto novo para o Brasil, encerramento desse ciclo de desgoverno, de descompromisso com a ética, com a eficiência”. Lembrando pesquisas que apontam insatisfação do eleitorado (72% dos eleitores querem que as ações do próximo presidente sejam diferentes das de Dilma), Aécio se disse pronto para assumir esse compromisso, em tom quase eleitoral: “Há um sentimento claro de mudança, de demanda por algo novo, e eu acredito que nós podemos representar efetivamente o que é novo”, afirmou.

Natural

Questionado, porém, por Oliveira Andrade sobre o porquê de os números da oposição não crescerem, Aécio diz que é “absolutamente natural”. Ele justifica pelo “desconhecimento enorme” do povo de quem são os nomes da oposição. O senador mineiro enfatiza novamente que, em sua avaliação, “o que nós temos visto é uma migração, uma saída de apoio de parte da sociedade à presidente da República, e que estão procurando o novo”.

Para ressaltar suas chances eleitorais, Aécio comparou seus números (cerca de 16% de intenções de voto) com os da atual presidente Dilma em 2010, ano em que foi eleita, na mesma épca do ano. E diz ainda que a seu lado conta a questão de que “até quatro anos atrás, em 2010, havia um sentimento de continuidade no Brasil” e Dilma tinha bons indicadores econômicos a favor, diferente de agora. “O dado que tem que ser analisado é o do sentimento das pessoas”, diz.

“Só no momento onde nós vermos o monólogo da presidente ser substituído pelo debate, pelo enfrentamento, é que as oposições vão crescer”, conclui o presidenciável. “Quem for para o segundo turno vencerá as eleições, e eu espero que sejamos nós”, projeta o senador do PSDB.

Economia

Aécio Neves critica duramente as políticas econômicas do atual Governo e conclui que “uma vitória da oposição é a única expectativa que nós temos para que o dano não seja maior”.

“O atual governo fracassou na condução da economia, nosso legado vai ser um crescimento pífio, inflação alta e uma perda enorme de credibilidade do Brasil junto a investidores tanto nacionais, mas principalmente internacionais”, avalia o senador.

Ele critica a dependência econômica da oferta de créditos e do consumo e diz que “nós devíamos estar preparando o terreno para que investimentos viessem”. Aécio classifica ainda como “triste” o “excesso de intervencionimso do governo na economia, no setor elétrico”.

“Quando as pesquisas demonstram uma queda da presidente da república, todos os indicadores econômicos reagem positivamente”, afirma ainda Aécio. “Há um sentimento nosso de que uma eventual vitória da oposição pode gerar um efeito oposto ao que nós assistimos em 2002, com a vitória do presidente Lula em 2002, quando a inflação cresceu e o dólar disparou. Um efeito positivo (na economia) dada a clareza de nossas posições em relação a políticas fiscais, a metas de inflação”, avalia o pré-candidato tucano.

Aécio conclui sobre economia dizendo que “não prevê um 2015 fácil, quem quer que seja o presidente, porque tem algumas bombas-relógio preparadas pelo atual Governo, como necessidades de recuperação de tarifas de energia, de combustíveis, de transportes públicos”.

Voz “desnecssária”

Questionado por Carlos Miguel Aidar, presidente do São Paulo FC e convidado especial do Jornal da Manhã, sobre a obrigatoriedade do programa radiofônico “A voz do Brasil”, Aécio confessa que ainda não se dedicou muito ao tema específico, mas se compromete a fazê-lo.

Lembrando que a discussão acerca do programa criado ainda por Getúlio Vargas em 1935 existe no Congresso há muitos anos, Neves avalia que “A voz do Brasil” hoje “é muito mais uma propaganda do governo e de parlamentares”, e diz: “Eu aceito discutir a ideia de sua extinção, ou mesmo de sua flexibilização”, em relação aos horários.

Mesmo não querendo tomar posição final sobre o tema, Aécio concorda que “rigidez do horário é contraproducente”, especialmente para o ouvinte que quer saber sobre o trânsito no horário de pico de grandes metrópoles, por exemplo.

Orgulho

Por fim, questionado por Anchieta Filho sobre os rumores de que José Serra poderia ser o candidato a vice-presidente em sua chapa, Aécio Neves desconversa. O político mineiro diz que ainda não conversou com o ex-governador de São Paulo, mas que seria um “orgulho enorme” ter Serra como vice.

“(Serra) É um nome extremamente qualificado que honraria qualquer chapa”, diz Aécio.

Ouça a entrevista completa no áudio acima.

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