Não sei se meu filho fazia coisas erradas, mas GCM não tinha o direito de matá-lo, diz mãe de Waldik, 11 anos

  • Por Jovem Pan
  • 27/06/2016 12h33
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Carolina Ercolin/Jovem Pan Orlanda Correia Silva

A mãe do menino de 11 anos morto a tiro pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) durante perseguição disse nesta segunda (27), durante o velório do filho, que Waldik Gabriel Silva Chagas deveria ter sido no mínimo abordado pela GCM e pediu “justiça”.

Waldik estava no banco de trás do carro perseguido na Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo, ao lado de dois suspeitos, que fugiram. Nenhuma arma foi localizada ao lado do garoto de 11 anos, que morreu a caminho do hospital na madrugada de domingo (26).

Já na manhã desta segunda (27), o corpo de Waldik esperou dentro do carro funerário, no Cemitério da Vila Formosa, durante quase três horas até a chegada de familiares. O franzino corpo deixou o Instituto Médico Legal às 7h. A mãe chegou ao cemitério às 10h40.

Com voz cansada, a mãe Orlanda Correia Silva e a filha Aline Silva listaram as atividades preferidas do filho falecido: “empinar pipa, jogar bola, videogame”. Waldik convivia com o pai, que não morava com Orlanda, apenas aos fins de semana.

Orlanda pede: “Nós queremos justiça. Vamos ver se havia a necessidade de eles terem atirado”. Ao que é interrompida por Aline: “Não havia, porque eles (Waldik) não tinham arma”.

Cercada por jornalistas, a mãe desabafou: “Ele só tem 11 anos, gente, não tem… não faz maldade com ninguém. Ele podia estar com as pessoas erradas, fazendo coisas erradas, eu não sei. Mas (a GCM) não tinha o direito de fazer isso. Tinha que ter abordado, levado, fizesse alguma coisa, mas não matar, chegar e atirar”.

A família diz que não foi procurada por nenhum membro do governo ou da Guarda Civil.

O caso

Waldik e mais duas pessoas estariam praticando assaltos no bairro.

Uma viatura da GCM foi avisada por homem que tinha acabado de ser roubado pelo grupo e iniciou a perseguição ao Chevette no qual estava o garoto. Um dos guardas efetuou quatro tiros contra o carro, um dos quais atingiu Waldik de morte.

O carro parou perto de uma quermesse e os outros dois suspeitos fugiram a pé. A polícia diz que os GCMs reagiram a tiros efetuados em primeiro lugar pelos suspeitos. Nenhuma arma foi localizada ao lado do menino Waldik. Ele estava agonizando e chegou a ser levado a um hospital da região, mas não resistiu.

O caso será investigado pelo DHPP. O guarda responsável pelos disparos foi autuado em flagrante por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), pagou fiança e vai responder as acusações em liberdade. Todos os GCMs envolvidos na perseguição foram afastados de suas funções e terão a conduta apurada.

Este é o segundo caso em três semanas em que agentes de segurança pública matam crianças envolvidas em delitos criminosos. O primeiro, ocorrido em 2 de junho, terminou com a morte de um menino de 10 anos na Vila Andrade, zona sul, por integrantes da Polícia Militar (PM). O caso ainda é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil.

Haddad

O prefeito de São Paulo Fernando Haddad afirmou que a abordagem da GCM foi equivocada. “O comandante, pelas informações preliminares, é de que a abordagem não foi correta. Foi um erro, aparentemente, de abordagem. O guarda civil anda armado para se proteger, não é para fazer policiamento”, disse o prefeito. Haddad relatou que o comandante da GCM afirmou que “os protocolos da guarda não foram respeitados”.

Com informações da repórter Jovem Pan Carolina Ercolin

Dados complementares sobre o caso de Estadão Conteúdo

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