“Não vale a pena investir em Interlagos só pela F-1”, diz Haddad

  • Por Estadão Conteúdo
  • 13/11/2016 15h35
São Paulo- SP- Brasil- 04/11/2015- As equipes que disputarão o GP Brasil de Fórmula 1 de 2015 conhecerão as instalações construídas na segunda etapa da reforma do Autódromo de Interlagos, na zona sul da capital. Entre as novidades para a corrida deste ano, que ocorre no próximo dia 15, estão a conclusão da estrutura de acessibilidade e os novos edifícios de apoio e centro operacional. Até 2016, o circuito receberá R$ 144 milhões em investimentos. “Este equipamento vai ter uma longevidade muito grande, com a melhor solução técnica possível. Nós terminaremos 2016 com o autódromo inteiramente reformulado. Hoje o equipamento é mais rentável, mas mais importante que isso é o uso da comunidade. Não é só o atendimento às exigências da Fórmula 1, Nós estamos atendendo às exigências de uma São Paulo mais moderna que quer utilizar este equipamento inclusive com outras finalidades”, afirmou o prefeito Fernando Haddad nesta quarta-feira (4), em vistoria à nova infraestrutura. As obras, iniciadas em 2014, melhoraram as condições de segurança e a estrutura técnica para as equipes. A intervenções também ampliam as possibilidades de uso do autódromo para outros tipos de eventos, como reuniões corporativas, shows e festas. Além disso, foram concluídas as ações de acessibilidade, com a instalação de plataformas, elevadores e rampas, sanitários com acessibilidade e sinalização tátil. Todos os setores passaram a ter espaço reservado para pessoas em cadeiras de rodas. A segunda fase da reforma recebeu R$ 40 milhões de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O novo centro operacional é um prédio com seis pavimentos e 3,5 mil metros quadrados que abriga quatro boxes técnicos e áreas reservadas para eventos. “Os quatro boxes técnicos são uma espécie de showroom, mostram como vai ficar a reforma dos futuros boxes, então as equipes vão ver como será no futuro. O grande diferencial é o aumento Divulgação/Cesar Ogata/Secom Haddad com o chefão da F-1

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse neste domingo antes do GP do Brasil de Fórmula 1 que investiu R$ 117 milhões no Autódromo de Interlagos nos últimos anos sem estar focado na realização de corridas da categoria, mas sim para transformar o local em um espaço multiuso. Para Haddad, que comandará a prefeitura somente até o dia 31 de dezembro, o dinheiro público aplicado no local só se justifica se Interlagos for utilizado também para outros eventos. 

O autódromo passou nos últimos anos por uma de suas maiores reformas da história, ao custo de R$ 160 milhões com recursos do PAC do Turismo. Foi renovada principalmente a infraestrutura do paddock e dos boxes que tanto geravam reclamações por parte da direção da F-1 e de equipes e pilotos. 

A reforma teve início em 2014, mas ainda não foi finalizada porque precisou ser paralisada por duas vezes para a realização das corridas no mesmo ano e em 2015. Falta ainda a terceira etapa da transformação que, segundo Haddad, vai transformar o autódromo num parque público multiuso. As principais intervenções previstas serão a mudança na altura do teto dos boxes e a instalação de cobertura no paddock.

“Se fosse para fazer esse investimento todo só pela Fórmula 1 não valeria a pena. Investimos mais de R$ 100 milhões aqui. Nosso objetivo é até 2020 tornar o lugar um parque multiuso, que contemple todo tipo de evento no local”, disse o prefeito de São Paulo, que citou como exemplo os festivais de música realizados em Interlagos nestes últimos anos.

Esta terceira etapa da reforma, no entanto, não está garantida por causa dos planos do novo prefeito da cidade – João Dória assumirá o cargo em 1º de janeiro. Na campanha eleitoral, ele propôs a privatização do autódromo. Se mantiver o plano, Interlagos pode não se tornar o parque multiuso planejado por Haddad.

“Começaríamos a fazer esta etapa depois do GP deste domingo, para dar tempo de terminar a terceira etapa até o GP de 2017”, explicou Haddad, que pretende discutir este assunto com a equipe do novo prefeito, na próxima semana. “Vamos discutir isso com o João Dória na quarta. Dependendo do que ele pretende para Interlagos, talvez não valha a pena concluir a reforma. Ou pode concluir antes de tomar qualquer outra decisão a respeito do destino desse equipamento.”

Questionado sobre a proposta de privatização de Dória, Haddad se esquivou. “Não há o que se dizer. Foi dito na campanha eleitoral que esse parque ia ser vendido. Não era nossa perspectiva, mas temos que respeitar”, afirmou. A terceira etapa da reforma vai consumir entre R$ 60 milhões e R$ 70 milhões, em convênio já assinado com o governo federal. 

A discussão sobre a parte final da reforma acontece num momento delicado para o GP do Brasil de F-1. Com prejuízo de US$ 30 milhões (cerca de R$ 98 milhões), a prova poderá deixar o calendário do campeonato em 2017 porque o chefão da F-1, Bernie Ecclestone, está insatisfeito com a perda financeira que, por contrato, deve ser coberta para Formula One Management, empresa que ele administra. 

Diante desta possibilidade, Haddad exaltou a importância da F-1 para São Paulo. “A Fórmula 1 gera mais de R$ 200 milhões em negócios para a cidade. Tudo isso em praticamente um fim de semana”, afirmou, destacando o GP do Brasil como um dos três maiores eventos sediados na capital paulista, ao lado da Parada LGBT e do carnaval de rua.

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