Narendra Modi, o onipresente político indiano, também em 3D

  • Por Agencia EFE
  • 08/05/2014 06h11
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Jaime León.

Nova Délhi, 8 mai (EFE).- Narendha Modi, favorito nas eleições gerais da Índia, obra do milagre da onipresença com sua aparição simultânea em 100 comícios, é um prodígio que alcança a graça por seus hologramas em três dimensões.

O palco azul está vazio na sede nacional em Nova Délhi do Bharatiya Janata Party (BJP), do qual Modi é candidato às eleições gerais, mas como um passe de mágica aparecem as Flores de Lotus, símbolo do partido, um pódio e uma cadeira.

O político, de 63 anos, aparece atrás de uma cortina, cumprimenta e começa a atacar o governante Partido do Congresso da dinastia Nehru-Gandhi. A certa distância, sua presença é quase real, tangível.

Na verdade, ele não está em Nova Délhi, mas em um estúdio na cidade de Ahmedabad, no estado de Gujarat, quase mil quilômetros de estrada desde a capital: o que veem os espectadores é um Modi virtual, um holograma.

O comício, realizado no dia 6 de maio, antepenúltimo dia de votação nas eleições gerais indianas, que começaram em 7 de abril e terminam em 12 de maio, foi transmitida via satélite para 90 palcos por todo o país.

“A Índia é um país muito grande, não é possível viajar para todas as regiões. Os comícios em três dimensões nos ajudam a chegar a mais pessoas”, diz à Agência Efe Harshad Patel, porta-voz do BJP.

As eleições indianas são as maiores da história da humanidade com 814 milhões de eleitores e uma das mais duras em um vasto país de mais de 3 milhões de quilômetros quadrados e 543 distritos eleitorais.

Os políticos indianos percorrem o país em aviões e helicópteros para realizar o maior número de encontros possíveis com os eleitores.

“Impressiona muito o povo quando Modi se apresenta a eles e, após acabar o discurso, desaparece”, afirma Patel, que acredita que tecnologias como o 3D ajudarão Modi a vencer as eleições.

A imprensa local repercute reações de espectadores de zonas rurais que olham para trás do palco para ver se Modi está ali de verdade.

Além disso, a aparição em diferentes lugares tem conotações mitológicas do hinduísmo, a religião de 80% dos indianos.

“Está escrito que líderes espirituais e semideuses conseguiram estar presentes em 53 lugares ao mesmo tempo, porque esse é o número de corpos presentes em toda pessoa, o que foi demonstrado cientificamente”, disse à Efe Arun Kumar Jain, secretário do escritório nacional do BJP.

“No entanto, Modi conseguiu estar presente em 140 lugares ao mesmo tempo, graças à tecnologia”, acrescenta Jain.

Com os hologramas, Modi “apareceu” em cerca de mil comícios por todo o país desde o começo da campanha, sem sair de Ahmedabad.

No maior encontro do tipo, o político que governou o estado de Gujarat nos últimos 12 anos deu um comício simultâneo em 140 palcos distribuídos por toda a Índia.

Modi usou a tecnologia de forma discreta nas eleições estatais do Gujarat no ano passado, mas neste pleito geral apostou no holograma de forma contundente.

Filho de um humilde vendedor de chá, o político hinduísta faz de fato um uso intensivo das novas tecnologias.

Com quase 4 milhões de seguidores no Twitter, o líder do BJP escreve mensagens diariamente nesta rede social que começou a usar em 2009.

O candidato também tem contas em redes como Facebook, Pinterest, Tumblr, Flickr e YouTube para compartilhar suas mensagens políticas, e mantém encontros através do Google Hangouts.

O escritor Nilanjan Mukhopadhyay afirma em sua biografia “Narendra Modi: O homem. Os tempos” que ele que foi um dos primeiros políticos indianos a abraçar as redes sociais e a comunicação online.

De acordo com Mukhopadhyay, uma das primeiras coisas que Modi faz depois de se levantar por volta das 4h30 da manhã, fazer ioga e comer, é ler as notícias no Google: os dois alertas que tem ativadas no procurador são “Modi” e “Gujarat”.

Depois disso, o indiano se reúne com sua equipe de mídias sociais – ativa 24 horas por dia – e planeja sua estratégia de comunicação.

A paixão de Modi pela tecnologia contrasta com o pouco uso dessas ferramentas por Rahul Gandhi, sucessor da dinastia Nehru-Gandhi que controla o Partido do Congresso.

Aos 43 anos e apesar de se apresentar como o candidato da juventude, Rahul quase não escreve mensagens em sua conta no Twitter e faz pouco uso, em geral, das redes sociais e da internet.

Após uma década no poder, os Nehru-Gandhi chegam ao pleito muito desgastados pelos escândalos de corrupção, o arrefecimento da economia e a inflação alta.

Modi, favorito apesar de ser acusado de um massacre de quase mil muçulmanos em Gujarat, exibe uma imagem moderna, tecnológica e defende os valores tradicionais hindus. EFE

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