Negociações de paz para o Iêmen serão realizadas apesar de dúvidas, diz ONU

  • Por Agencia EFE
  • 14/06/2015 16h25
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Isabel Saco.

Genebra, 14 jun (EFE).- A ONU se prepara para receber a partir desta segunda-feira, em Genebra, as negociações de paz para o Iêmen, com participação de enviados do governo no exílio e dos rebeldes, apesar das dúvidas semeadas nas últimas horas por alguns sobre a presença de suas respectivas delegações.

Porta-vozes da ONU admitiram ao longo do dia o temor de um cancelamento no último minuto deste diálogo político, considerado como a única alternativa pacífica para deter o conflito no Iêmen.

“A única coisa que podemos dizer é que, cruzemos os dedos, teremos ambas as delegações na cidade nesta noite”, declarou neste domingo aos jornalistas o porta-voz da ONU em Genebra, Ahmad Fawzi.

Era esperada para o final do dia a chegada da delegação do movimento rebelde xiita dos houthis, que forçou a saída do país do presidente iemenita, Abdo Rabbo Mansour Hadi, que se encontra refugiado na Arábia Saudita.

Em apoio a Hadi e para evitar que os houthis consigam controlar todo o país – do qual têm uma boa parte do território – a Arábia Saudita formou uma coalizão árabe que desde março bombardeia as posições dos rebeldes.

A ONU detalhou que também participarão das negociações enviados do partido Congresso Geral, liderado pelo ex-presidente Ali Abdullah Saleh, do qual Hadi era vice-presidente, mas com o qual se inimizou e enfrentou.

O partido de Saleh é um dos principais apoios políticos internos dos houthis, enquanto o Irã é o mais importante no exterior.

Do lado oposto, discursará neste processo de diálogo o movimento Al Hirak, um partido separatista do sul e que é aliado do pressente Hadi, que é natural da cidade portuária de Aden, nessa parte do país.

Completa o grupo de entidades políticas participantes deste diálogo a coalizão política JMP, próxima ao governo no exílio, o único reconhecido pela comunidade internacional. A ONU explicou que cada um desses grupos representará a si mesmo e “seus aliados”.

Perguntado pela identidade de quem liderará cada partido ou grupo presente nas negociações, o porta-voz da ONU indicou que ainda não conta com uma lista definitiva devido a “muitas mudanças nas últimas 48 horas”.

“É um processo evolutivo”, comentou Fawzi, que acrescentou que a ONU recebeu com otimismo a decisão do presidente Hadi de enviar uma delegação unificada às conversas de Genebra.

O conflito no Iêmen causou uma trágica situação humanitária, com mais de dois mil mortos nas hostilidades e um milhão de refugiados internos.

Os organismos humanitários consideram que no Iêmen, de uma população de 25 milhões de pessoas, 20 milhões precisam de ajuda humanitária para sobreviver.

O planejamento sobre o formato das negociações e sua duração dependerá de como as conversas evoluírem, confirmou Fawzi.

Se inicialmente se falava de reuniões separadamente entre as delegações, as conversas mais recentes mudaram a percepção de como deve ser abordado o diálogo, razão pela qual o enviado especial da ONU para o Iêmen, Ismail Ould Sheikh Ahmed, tentará reuní-los o mais em breve possível.

“Se isto não ocorrer, o enviado especial terá conversas de aproximação” entre as partes, indicou Fawzi.

Inicialmente, havia sido previsto que as reuniões durem até terça-feira ou quarta-feira. EFE

is/vnm

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