Negociações sobre Líbia avançam e acordo pode sair em duas semanas, diz ONU
Genebra, 4 set (EFE).- As negociações promovidas pela ONU para solucionar o conflito na Líbia entraram na fase final e agora se vislumbra a possibilidade real de chegar a um acordo antes de 20 de setembro, anunciou nesta sexta-feira o mediador das Nações Unidas, Bernardino León.
“Estamos começando os últimos dias destas negociações para poder alcançar um acordo que possa ser assinado antes de 20 de setembro”, declarou o diplomata em entrevista à imprensa em um recesso das conversas que acontecem hoje e amanhã em Genebra.
O enviado especial da ONU definiu o espírito reinante entre as diferentes facções que participam das negociações como “muito positivo”, e explicou que os avanços conseguidos até agora parecem indicar que um acordo que responda às exigências de todos é possível no curto prazo.
“Estamos em um bom momento”, enfatizou León, que explicou que apesar das negociações serem “muito complicadas, nas últimas horas foram alcançados muitos progressos”.
“Agora estamos em uma posição muito melhor do que quando começamos”, garantiu.
Estão em Genebra representantes de diversos grupos líbios, embora o mediador negocie essencialmente com dois: os enviados do governo e do parlamento internacionalmente reconhecidos, com sede em Tobruk; e os do Congresso Nacional Geral (CNG), que representa o governo rebelde sediado em Trípoli.
O objetivo de León é montar um governo de coalizão que aglutine o máximo de facções possível e que possa devolver a estabilidade ao país, imerso no caos desde que o regime de Muammar Kadafi foi deposto por uma rebelião popular apoiada pela comunidade internacional, em 2011.
O enviado especial da ONU revelou que “muitos aspectos foram esclarecidos”, especialmente com o CNG, e que, embora ainda haja muito a negociar, poderão avançar porque os representantes do parlamento rebelde “estão comprometidos” com o processo, o que nem sempre ocorreu no passado.
Com relação ao governo de coalizão, os representantes de Tobruk apresentaram 14 nomes de pessoas que contam com as qualidades necessárias e cumprem os critérios exigidos – essencialmente: não ter servido ao regime de Kadafi e não ter cometido crimes – para poderem ser escolhidos para a formação dele.
“O CNG não apresentou ainda os nomes, mas espero que o façam semana que vem na reunião teremos quarta- feira”, assinalou León, sobre o encontro que deve acontecer no Marrocos.
“Realmente temos a oportunidade de alcançar um acordo nos próximos dias. Espero que não percamos a oportunidade”, insistiu León.
O mediador explicou que, se o pacto for assinado antes de 20 de setembro, deverá começar a ser implementado antes de 20 de outubro, já que no final desse mês expira o mandato do parlamento de Tobruk.
Consultado sobre a cerimônia de assinatura do acordo, León afirmou que o ideal seria realizá-la na Líbia, mas acrescentou que deixarão isto para o último momento dados os problemas de segurança e de logística.
Desde a queda de Kadafi, o país norte-africano vive uma situação caótica, com dois governos que lutam pelo controle dos recursos naturais, apoiados por membros do antigo regime, islamitas, líderes tribais e senhores da guerra.
Dessa divisão se beneficiaram grupos jihadistas ligados ao grupo Estado Islâmico e à Al Qaeda no Magrebe Islâmico, que ampliaram seu poder e sua influência no país. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.