Nepal começa a recuperar o pulso após terremoto

  • Por Agencia EFE
  • 03/05/2015 16h52
EFE Nepal tem dificuldade para começar reconstrução

O Nepal está recuperando paulatinamente o pulso após o terremoto que há uma semana deixou vários distritos devastados e imensos danos em Katmandu, e os comércios voltam a abrir, os campos de deslocados pouco a pouco diminuem de tamanho e os trabalhos de resgate sob os escombros continuam.

Na capital os soldados militares limpam os destroços de edifícios emblemáticos e os grupos de resgates coreanos, japoneses e de vários outros países passaram a fazer parte de uma paisagem urbana que já vê de novo os engarrafamentos e o movimento em frente as lojas.

De acordo com o governo, 75% das pessoas que se refugiaram nos acampamentos instalados em Katmandu deixaram as tendas à medida que se passaram os dias após o terremoto, que deixou mais de 7.200 mortos e 14.200 feridos.

O maior acampamento de Katmandu, o de Thudikel, dá refúgio ainda a entre 1.200 e duas mil pessoas. Na segunda-feira esse número oscilava entre nove mil e 12 mil, confirmou uma fonte militar que preferiu manter o anonimato.

Entre os que ainda permanecem está Prathima, um estudante de 17 anos, que não quer abandonar o acampamento porque sua casa está danificada e prefere esperar a terra parar de tremer.

“Não sabemos por quanto tempo estaremos aqui”, disse à agência Efe, rodeada de 14 pessoas de diferentes famílias.

Dois centros de recreio dão a 62 crianças, confusas com uma situação que não são capazes de entender completamente, a oportunidade de ter uma atividade enquanto os colégios permanecem fechados.

“Estão com seus pais à toa e é importante que possam encontrar um espaço”, afirmou Padma, uma puericultora de 35 anos que cuida dos pequenos.

O escritório do Unicef em Katmandu alertou hoje para o risco de aumento do tráfico de crianças no Nepal após o terremoto, e destacou o perigo de problemas que já existiam no país, como a desnutrição, se agravem.

A chefe de Proteção Infantil do Unicef no Nepal, Virgínia Pérez, disse à Agência Efe que, segundo algumas das primeiras avaliações, no distrito de Gorkha, no norte do país, 80% das escolas estão destruídas.

A diretora do Programa Mundial de Alimentos (PMA), Ertharin Cousin, afirmou hoje em Katmandu que “250 mil pessoas foram abastecidas com comida suficiente e mais pessoas serão assistidas nos próximos dias”.

Cousin elogiou a resposta as vítimas do terremoto, mas advertiu que a próxima monção, que chega em junho, “significa que estamos correndo contra o relógio”.

Enquanto em Katmandu a dúvida agora é sobre retornar já ou não, em outras partes do país a apuração não é tão boa.

De acordo com a ONU, metade dos 75 distritos nepaleses foram afetados pelo terremoto, e em Gorkha e Sindupalchok 90% das casas foram destruídas.

Cinco membros do Grupo de Montanha da Guarda Civil começaram hoje as operações no Nepal com um sobrevoo de reconhecimento por Langtang, que está “gravissimamente afetada” pelo terremoto.

O primeiro-ministro do país, Sushil Koirala, afirmou hoje que não imaginou que o Nepal sofreria um desastre dessa dimensão e advertiu que a situação das vítimas pode piorar se não forem atendidas antes do período de monção.

Apesar disso, o Comitê Central de Ajuda em Desastres Naturais do Nepal concordou com a saída do país das equipes de resgate estrangeiras, que somam mais de quatro mil soldados de 34 países, por entender que os procedimentos internacionais preveem que não permaneçam por mais de sete ou oito dias.

“O governo ainda não tomou uma decisão. O Comitê fez a recomendação ao gabinete”, disse o porta-voz do Ministério do Interior nepalês, Laxmi Prasad Dhakal, que comentou que das 400 mil barracas pedidas à comunidade internacional, só 1.600 chegaram ao país.

O Ministério considera que uma redução das equipes estrangeiras contribuiria para uma melhor coordenação entre os soldados locais. 

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