Nepal revive o pesadelo com um novo terremoto
Sanjeev Giri.
Katmandu, 12 mai (EFE).- O Nepal reviveu um pesadelo nesta terça-feira com um novo terremoto que acrescentou 57 vítimas mortais às milhares deixadas pelo tremor de 25 abril, quando os nepaleses pensavam que o pior já tinha passado e o país tentava seguir adiante e fazer chegar a ajuda aos afetados.
Um forte sismo de 7,3 graus na escala Richter voltou a tirar de suas casas os nepaleses por volta de 12h (horário local, 4h de Brasília). Seguido por várias réplicas, o tremor deixou 57 mortos e 1.129 feridos, segundo dados oficiais.
O primeiro-ministro do Nepal, Sushil Koirala, pediu “controle” e “calma” à população e assegurou que o governo mobilizou todos seus recursos após o novo terremoto.
Além disso, as autoridades informaram do resgate com vida de 12 pessoas.
O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) situou o epicentro do tremor 18 quilômetros ao sudeste da cidade de Kodari, no distrito de Sindhupalchok, próxima à fronteira com o Tibete.
“A vida tinha começado a ser normal de novo e de repente tudo voltou a se arruinar”, declarou à Agência Efe Rojina Khatri Chhetri, uma estudante da Universidade Tribhuvan de Katmandu, ainda sob o efeito traumático do sismo.
Chhetri estava em um escritório, onde reviveu o trauma que os nepaleses estavam deixando para trás pouco a pouco depois de mais de 15 dias de trabalhos de recuperação, remoção de escombros e volta à normalidade.
A jovem não foi a única surpreendida. Fontes do próprio governo nepalês admitiram à Efe que não esperavam um terremoto da magnitude do que aconteceu hoje.
“Com mais de 200 réplicas, os analistas tinham dito que havia poucas possibilidades de uma réplica desta magnitude” após o sismo de 7,8 graus de 25 de abril, disse à Efe o porta-voz do Ministério do Interior nepalês, Laxmi Prasad Dhakal.
Após o tremor de hoje, que foi seguido por oito réplicas de entre 4,3 e 6,3 graus, milhares de pessoas voltaram a se refugiar nas ruas em Katmandu, revivendo as cenas do recente drama e repovoando os espaços abertos da capital e outros distritos.
Segundo a Organização Internacional de Migrações (IOM), cerca de duas mil pessoas optaram por acampar em um campo de golfe da capital.
As vítimas do novo terremoto se somam aos oito mil mortos e 17.800 feridos do desastre anterior.
Além disso, os tremores de hoje terminaram de derrubar dezenas de casas e edifícios danificados em 25 de abril.
De acordo com diversas fontes, um edifício de cinco andares que tinha ficado danificado no terremoto anterior terminou de ceder em Bhaktapur, no vale de Katmandu.
Além disso, na capital do país asiático, caiu outro edifício de grande envergadura onde operava o Banco do Himalaia.
“Isto terminou de tornar toda a situação um desastre”, comentou à Efe Ganesh Karmacharya, engenheiro do Departamento de Desenvolvimento Urbano e Construção de Edifícios de Katmandu.
Segundo o técnico, este novo terremoto debilitou ainda mais as estruturas de edifícios altos e de casas comuns.
Mais 300.000imóveis tinham sido devastados pelo terremoto do dia 25 de abril segundo o governo, um número que as Nações Unidas eleva acima do meio milhão se forem somados aqueles com algum dano.
As autoridades nepalesas, em colaboração com organismos internacionais, trabalhavam para levar ajuda, alimentos e apoio médico às áreas mais afastadas do vale de Katmandu, onde foi registrado o maior número de vítimas contabilizadas até o momento.
O novo terremoto voltou a golpear os distritos de Dolakha e Sindhupalchok, este último o mais castigado pelo terremoto anterior, já que registrou mais de um terço das vítimas.
O tremor de terra deixou também pelo menos 17 mortos e 39 feridos no norte da Índia e um falecido no Tibete, além de ter sido sentido também em Bangladesh. EFE
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