Nigéria admite que maioria das 129 meninas sequestradas continua desaparecida
Lagos, 18 abr (EFE).- O exército da Nigéria admitiu que a maioria das 129 meninas sequestradas na segunda-feira passada em uma escola continua desaparecida, corrigindo uma declaração anterior que dizia que 121 alunas haviam sido libertadas.
Segundo informa hoje a imprensa local, o porta-voz do exército, general Chris Olukolade, emitiu a última hora da quinta-feira um comunicado no qual afirma que a “busca continua”e atribui o sequestro à seita radical islâmica Boko Haram.
Em uma nota divulgada na quarta-feira, Olukolade afirmou que 121 das 129 estudantes sequestradas na cidade de Chikob (Nigéria) haviam sido liberadas.
No entanto, a diretora da Escola Governamental Feminina de ensino médio de Chibok, Asabe Kwambura, acusou ontem os militares de mentir.
“Não há nada no comunicado militar que seja verdade sobre nossas meninas sequestradas”, ressaltou a diretora.
“Até agora, ainda estamos esperando e rezando pelo retorno seguro das estudantes. A única coisa que sei é que apenas 14 delas estão conosco”, disse Kwambura, acrescentando que voluntários estão atrás do rastro das adolescentes.
O governador do estado de Borno (onde fica Chibok), Kashim Shettima, também negou a versão das Forças Armadas.
Após os desmentidos, o porta-voz militar ressaltou que o exército “deseja reconhecer como válida a declaração da diretora da escola e do governador sobre o número de estudantes ainda desaparecidas, e se retrata do comunicado prévio”.
Olukolade explicou que a informação divulgada, que a princípio foi obtida no local, procedia de um “canal oficial” e foi publicada “de boa fé”, apesar de ser errônea, o que foi um acontecimento “infeliz”.
Segundo as testemunhas citados pela imprensa local, o sequestro das estudantes ocorreu na noite da segunda-feira, quando uns 50 homens armados chegaram a Chibok em um comboio de veículos e atearam fogo a edifícios públicos e casas.
Depois se dirigiram à escola, onde capturaram todas as estudantes que puderam e as levaram de caminhão.
O fato aconteceu horas depois do atentado a bomba, vinculado também pelo governo ao Boko Haram, que na segunda-feira passada causou pelo menos 75 mortos em uma estação de ônibus de Abuja.
Boko Haram, que significa em dialeto local “a educação não islâmica é pecado”, luta para impor a “sharia” (lei islâmica) na Nigéria, país de maioria muçulmana no norte e predominantemente cristã no sul. EFE
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