Nigéria investigará se exército ignorou alertas sobre sequestro de meninas
Lagos, 10 mai (EFE).- O governo da Nigéria anunciou neste sábado que investigará se o exército ignorou vários avisos sobre a entrada do grupo radical islâmico Boko Haram na cidade de Chibok que teriam sido feitos quatro horas antes do sequestro de mais de 200 meninas em sua escola, como afirmou um relatório da Anistia Internacional.
“É inconcebível que os militares tenham recebido uma informação sobre um ataque iminente e não tenham feito nada a respeito. Investigaremos isso”, disse hoje o ministro de Informação da Nigéria, Labaran Maku, em entrevista à TV local.
Um relatório publicado ontem, sexta-feira, pela Anistia Internacional (AI) afirmou que os quartéis do exército nigeriano em Damboa, cidade a cerca de 35 quilômetros de Chibok, e em Maiduguri, a 130 quilômetros, receberam avisos entre as 19h de 14 de abril e as 2h da madrugada de 15 de abril sobre a ameaça do grupo islamita.
No entanto, a impossibilidade de reunir tropas devido aos poucos recursos e ao medo de enfrentar grupos armados, frequentemente mais bem equipados que eles, desencorajou o exército, que decidiu não enviar reforços a Chibok naquela noite, relatou a AI.
Por sua vez, o exército nigeriano negou as acusações e classificou o relatório da AI de “muito lamentável” e “falso”.
“Por mais que os militares nigerianos apreciemos o interesse internacional e a demonstração de solidariedade com o país neste momento, mentiras não podem ser utilizadas como um meio para avaliar a situação”, disse o porta-voz militar, Chris Olukolade.
Segundo Olukolade, as patrulhas locais deram o aviso sobre um ataque que estava acontecendo em Chibok e pediram reforços, mas o exército “não recebeu quatro horas antes advertências sobre esses ataques”.
Especialistas em sequestros dos Estados Unidos e do Reino Unido já estão na Nigéria para ajudar a encontrar as mais de 200 meninas sequestradas desde 14 de abril pelo grupo islamita, cujo líder, Abubakar Shekau, ameaçou publicamente vender as adolescentes.
Boko Haram, que significa em língua local “a educação não islâmica é pecado”, luta para impor a “sharia” ou lei islâmica na Nigéria, país de maioria muçulmana no norte e predominantemente cristã no sul. EFE
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