No Dia do Livro, obras da literatura espanhola chegam à prisão de São Paulo

  • Por Agencia EFE
  • 23/04/2015 23h17

São Paulo, 23 abr (EFE).- Cerca de 1.200 obras clássicas da literatura espanhola chegarão nos próximos dias à maior biblioteca instalada em uma prisão brasileira, a da cidade de Itaí, a 300 quilômetros de São Paulo, em uma iniciativa pelo Dia Internacional do Livro e o Dia da Língua Espanhola, celebrados nesta quinta-feira.

A penitenciária Cabo PM Marcelo Pires da Silva se destaca por abrigar o maior número de presos estrangeiros no país e por sua biblioteca com uma coleção de 17.585 livros em 36 idiomas.

A biblioteca é a principal área comum para os 1.267 estrangeiros detidos no município de Itaí, no interior do estado de São Paulo.

A doação dos novos exemplares, promovida pelo Consulado Geral da Espanha em São Paulo, foi realizada também em memória do quarto centenário da morte de Miguel de Cervantes, que será celebrado em 2016.

Dos exemplares doados, 850 estão escritos em espanhol e 350 em português. Entre eles estão, além da clássica história de “Don Quixote de la Mancha”, as obras completas de Ortega y Gasset, uma compilação sobre o pintor Salvador Dalí e a antologia da chilena Gabriela Mistral.

A ação, que contou com a colaboração do Instituto Cervantes e da editora Planeta, tem como objetivo fomentar a reabilitação dos presos através da leitura, assim como a incorporação de mais obras ao acervo da prisão.

“Tradicionalmente celebramos este dia em todos os institutos Cervantes e consulados da Espanha no mundo e, como um gesto simbólico de respeito pelo valor da leitura, neste ano tivemos a ideia de doar estes livros à penitenciária de Itaí, que abriga 34 espanhóis”, explicou à Agência Efe o cônsul Ricardo Martínez.

Por tratar-se do maior centro de reclusão de presos estrangeiros, de 86 nacionalidades, o consulado decidiu concentrar suas doações para essa prisão, ressaltou Martínez.

“Esperamos que estes livros ajudem na reabilitação destes presos, não só os espanhóis, mas a todos os prisioneiros dos países que têm o espanhol como língua nacional, entre eles muitos latino-americanos”, acrescentou o cônsul.

Apesar de estar com um maior número de presos que a capacidade máxima de 792 reclusos, Itaí se destaca por sua biblioteca, um ponto de referência para os detidos, cuja maioria completou o ensino médio ou têm título universitário.

A preservação da coleção é responsabilidade dos próprios detidos, que podem tomar emprestados os livros para ler dentro das celas ou nas horas de expansão.

O secretário de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo, Lourival Gomes, destacou a importância da iniciativa da representação consular espanhola, que também beneficiará, além dos hispano-americanos, os presos que têm o português como primeira língua e os de outros idiomas interessados no castelhano. EFE

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