No Rio, ato ecumênico lembra seis anos do massacre de Realengo
A Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio, promoveu nesta sexta-feira (7) um ato ecumênico, seguido de abraço no estabelecimento, para lembar os seis anos do massacre ocorrido no local, na manhã do dia 7 de abril de 2011.
Naquele dia, Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, invadiu a escola armado com dois revólveres e começou a atirar contra os alunos, matando 12 deles, com idades entre 13 e 16 anos, e ferindo outros 13. Interceptado por policiais militares, o assassino cometeu suicídio.
A presidente da Associação Anjos de Realengo, formada por pais e mães que perderam seus filhos na tragédia, Adriana Silveira, disse que “aquele dia é uma ferida que não cicatrizou e que nunca cicatrizará”. Segundo ela, é uma lembrança triste confrontada todos os dias.
“É uma dor sem fim, mas vamos reaprendendo a viver. Minha filha era uma menina muito caseira, companheira e muito amiga minha. Hoje, ao relembrar tudo isso, vem um turbilhão de sentimentos, eu ainda sinto muita dor, mas estou forte para continuar a luta, que é não deixar aquele dia ser esquecido, e tocar o legado da minha filha, para que a morte dela não tenha sido em vão”, disse Adriana, emocionada.
Segundo ela, é necessário mais segurança nas escolas. “Nossas crianças não podem entrar no colégio e perder a vida. Infelizmente, nossos filhos perderam a vida entre lápis e cadernos e depois disso nada foi feito. Continua a mesma coisa, se não pior. Hoje, a Tasso da Silveira é uma escola modelo, com guarda municipal 24 horas aqui dentro, mas a luta continua para que todas as unidades possam ter o mesmo. Nossas autoridades deveriam refletir sobre o que aconteceu na escola naquele dia. Uma violência terrível. De repente, assim eles tenham consciência de que nossas crianças precisam ter mais segurança enquanto estão estudando.”
O subtenente da Polícia Militar, Márcio Alves, foi o responsável por evitar que Wellington Menezes fizesse mais vítimas no dia do ataque. Tratado como herói por todos os presentes no ato, Alves diz que não costuma usar a palavra “relembrar” para se referir ao dia do ocorrido.
“É porque isso está mais que presente em todos os dias da minha vida. Eu e todas as pessoas envolvidas jamais esqueceremos aquele dia. Foi uma ocorrência muito marcante na minha carreira como policial e, constantemente, passa aquele filme na minha cabeça. Infelizmente a violência só aumentou. Vemos jovens, crianças e inclusive policiais sendo assassinados todos os dias. É algo que está desenfreado, difícil da gente combater, já que estamos de mãos amarradas, sem situações ideais para trabalhar. Precisamos de mais investimento, melhores condições de trabalho e alguém de pulso firme para comandar a nossa tropa.”
Bilhete
Um bilhete que Wellington deixou e as investigações sobre o crime revelaram que o assassino tinha problemas mentais e havia sofrido bullying quando era aluno da mesma escola onde praticou a chacina.
Adriana Silveira lamentou que o bulling (ataque físico ou psicológico sem motivo contra pessoas, no caso, alunos) ainda seja praticado nas salas de aula e disse que vem lutando para que isso acabe. “Por causa da tragédia, acabei me envolvendo com o tema e conheci vários casos. Há crianças que se mutilam. Tento levar essa discussão para dentro das escolas e vou lançar um livro sobre o tema.”
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