Nouri al-Maliki, do exílio com Saddam para o 3º mandato em um Iraque dividido

  • Por Agencia EFE
  • 19/05/2014 15h54

Redação Internacional, 19 mai (EFE).- Nouri “Jawad” al-Maliki, primeiro-ministro iraquiano, à frente da coalizão xiita Estado de Direito, vencedora das eleições legislativas do Iraque, se encaminha para o terceiro mandato após ter construído sua trajetória política na oposição a Saddam Hussein.

Líder do partido Al Daua (Pregação), grupo xiita de resistência clandestina contra a liderança de Saddam e seu partido Baath, nasceu em Abu Garaq, um pequeno povoado perto de Hilla, no sul do Iraque, em 1950, e estudou literatura árabe na Universidade de Bagdá.

Condenado à morte, como tantos outros líderes opositores, fugiu durante os anos 80 e se exilou no Irã, depois na Síria, onde contribuiu para a criação de uma grande coalizão de partidos políticos iraquianos de oposição.

De volta ao Iraque, após a queda de Saddam em abril de 2003, participou ativamente no processo de reconstrução do país.

Foi membro do comitê estabelecido pelos EUA encarregado de eliminar o legado do partido Baath, e vice-presidente da Comissão que redigiu a minuta da nova Constituição iraquiana, aprovada em agosto de 2005.

Também foi assessor do primeiro-ministro Ibrahim al-Jaafari, seu antecessor no cargo e membro da mesma forma que ele do partido Al Daua, formação integrante da Aliança Unida Iraquiana (AUI), que foi a lista mais votada nas eleições de dezembro de 2005 no Iraque.

A falta de consenso em torno do candidato a primeiro-ministro atrasou o processo até 22 de abril de 2006, data na qual o presidente da República, Jalal Talabani, propôs ao parlamento o nome de al-Maliki, que se tornava assim o primeiro chefe de um executivo permanente da era pós-Saddam.

Em maio de 2007, al-Maliki foi eleito secretário-geral do Al Daua, em substituição de Jaafari, oficialmente o líder máximo do partido.

À frente do executivo, realizou o plano “Aplicamos a lei”, uma ambiciosa operação lançada em fevereiro de 2007 por 85 mil soldados e policiais iraquianos e americanos para conter a onda de violência em Bagdá, e que teve resultado mais modestos do que o esperado.

No ano seguinte seu prestígio aumentou por causa do acordo assinado, em dezembro de 2008, entre Washington e Bagdá para a retirada americana das cidades iraquianas antes de julho de 2009 e de todo o território antes de janeiro de 2012.

Em março de 2010, a coalizão “Estado de Direito”, pela qual se candidatou às eleições legislativas, ficou, no entanto, em segundo lugar, duas cadeiras atrás da liderada pelo ex-primeiro-ministro Ayad Allawi.

A ausência de maioria absoluta entre os partidos conduziu o país a um vazio de poder que se prolongou até novembro de 2010, quando um acordo entre partidos permitiu a al-Maliki ser reeleito no cargo.

Símbolo para muitos da unificação das diferentes tendências iraquianas, seus opositores criticam sua proximidade do Irã e a utilização do exército para reprimir os crescentes protestos da minoria sunita.

Com as tropas americanas fora do país desde dezembro de 2011, as Forças Armadas iraquianas enfrentam atualmente membros da Al Qaeda e milicianos tribais sunitas nas duas principais cidades da província ocidental de Al-Anbar: Ramadi e Faluja, em meio a uma escalada da violência sectária e do terrorismo contra civis e forças de segurança.

As eleições legislativas de 30 de abril de 2014, a terceira após a derrocada do regime de Saddam Hussein em 2003, deram a vitória à coalizão de al-Maliki com 92 cadeiras, anunciou hoje a Comissão Eleitoral.

O resultado, longe de ter sido por maioria absoluta, obrigará Malik a buscar apoios para governar no que seria um terceiro mandato. EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.