Nova relação EUA-Cuba pode abrir mercado da ilha a empresas americanas

  • Por Agencia EFE
  • 18/12/2014 17h30

Washington, 18 dez (EFE).- O acordo entre Estados Unidos e Cuba para retomar suas relações diplomáticas, rompidas desde 1961, pode abrir às empresas americanas a porta do mercado cubano, que atualmente elas veem fechada.

Companhias como a montadora General Motors, o gigante agrícola Cargill ou a cadeia de venda de móveis Ethan Allen aplaudiram o passo dado ontem para restaurar relações diplomáticas com a ilha, informou nesta quinta-feira o “The Wall Street Journal”.

Entre as medidas econômicas divulgadas pela Casa Branca está a expansão de vendas e exportações comerciais de certos bens e serviços dos Estados Unidos, com o objetivo de apoiar “ao nascente setor privado cubano”.

Também aumentará o nível de envio de dinheiro permitido de US$ 500 a US$ 2.000 por trimestre para as remessas que os cidadãos cubanos recebem do território americano.

Além disso, as instituições dos Estados Unidos poderão abrir contas em instituições bancárias cubanas para facilitar o processamento de transações financeiras autorizadas.

Igualmente, os viajantes que vão a Cuba estarão autorizados a importar bens avaliados em US$ 400, dos quais não mais de US$ 100 podem consistir em produtos de tabaco e álcool.

“Cuba precisa de tudo o que fabricamos nos Estados Unidos”, disse o diretor de assuntos governamentais da fabricante de maquinaria pesada Caterpillar, Bill Lane, ao “The Wall Street Journal”.

“Estivemos pedindo uma nova política em relação a Cuba durante 15 anos”, acrescentou Lane, que antecipou que sua empresa espera poder abrir em breve uma concessionária em Cuba.

No entanto, as empresas americanas não prometeram, por enquanto, investimentos no país caribenho, apesar das oportunidades que se apresentam em campos como a agricultura, as telecomunicações, o turismo e os recursos naturais.

O maior obstáculo para estabelecer relações comerciais plenas entre ambos países continua sendo o embargo decretado pelos EUA sobre a ilha, uma barreira que só pode ser suspensa pelo Congresso americano.

Nos anos 1950, as trocas comerciais bilaterais experimentaram um “boom”, mas essa tendência freou na década seguinte, quando se impôs o embargo após a chegada ao poder dos revolucionários liderados por Fidel Castro.

Desde então as empresas americanas não tiveram acesso a 11 milhões de consumidores cubanos que vivem a menos de 200 quilômetros do litoral da Flórida.

No entanto, a economia cubana segue ferrenhamente controlada pelo governo, os consumidores ainda têm um poder aquisitivo relativamente baixo e o mercado conta com a participação de multinacionais de países que não romperam seus laços com o regime de Fidel Castro, que em 2006 foi sucedido interinamente por seu irmão Raúl, oficializado como presidente em 2008.

Esses fatores poderiam ainda ser um obstáculo para a normalização da relação comercial cubano-americana, mesmo se o Congresso decidir acabar com o embargo, embora companhias do setor turístico anseiem a chegada desse momento.

“Assim que for possível, estaremos ali (em Cuba)”, comentou o diretor-executivo da rede hoteleira Choice Hotels International, Stephen Joyce.

O presidente Barack Obama declarou nesta quarta-feira que as empresas de seu país “não deveriam colocar-se em desvantagem e que um aumento no comércio é bom para americanos e para cubanos”, e instou o Congresso a abrir “uma discussão séria e honesta sobre a eliminação do embargo”.

Em qualquer caso, o processo levará tempo, como advertiu o próprio presidente: “Não espero que as mudanças que estou anunciando hoje provoquem uma transformação da sociedade cubana da noite para o dia”, salientou. EFE

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