Novas caras e partidos formam variado cenário eleitoral na Grécia
Remei Calabuig.
Atenas, 18 set (EFE).- Oito meses depois das últimas eleições, a Grécia volta às urnas com um panorama político marcado pela renovação de vários líderes e a criação de novos partidos, o que abriu espaços para potenciais coalizões.
A esquerdista Syriza continua liderada pelo ex-primeiro-ministro Alexis Tsipras, mas se apresenta para as eleições do dia 20 com um programa que se distancia muito das promessas eleitorais de janeiro.
Se então a Syriza prometia o fim da austeridade e o reinício de uma nova era para a Grécia longe dos memorandos, agora defende a aplicação do terceiro resgate assinado por seu governo, mas com um selo esquerdista que permita enfrentar a dureza dos cortes.
Os esquerdistas esperam revalidar seu mandato e governar sozinho ou, caso tenham de pactuar, estenderam a mão a continuar colaborando com seu antigo parceiro de coalizão, o nacionalista Gregos Independentes.
No entanto, à luz das enquetes que situam seu antigo companheiro fora do Parlamento, Tsipras deixou entrever que o social-democrata Pasok poderia entrar nas apostas.
Mesmo assim, o ex-primeiro-ministro se mostra contundente na hora de rejeitar grandes coalizões com os quais denomina os velhos partidos do sistema, em alusão aos conservadores do Nova Democracia – que se mostraram dispostos a pactuar com a Syriza.
Mas se em alguma coisa as pesquisas concordam é na acirrada distância que separa a Syriza do Nova Democracia, com uma leve vantagem para os esquerdistas de poucos décimos.
Tanto os conservadores como os social-democratas e os centristas de To Potami apostam em uma ampla coalizão com o argumento de preservar a estabilidade e a permanência da Grécia na zona do euro.
Na corrida para liderar o próximo governo, tanto o Nova Democracia como o Pasok renovaram suas lideranças.
A renúncia do ex-primeiro-ministro, Antonis Samaras, após a derrota do “sim” no referendo de 5 de julho, abriu caminho para Vangelis Meimarakis.
O mesmo fez o Pasok, que após o referendo elegeu Fofi Yenimata como sua presidente, após anos sob a direção de Evangelos Venizelos, que participou dos governos conservadores.
Ambos os partidos renovaram suas lideranças, o que, no entanto, não significa que tenha havido uma mudança de era.
Meimarakis está na política desde sua juventude, foi ministro em duas ocasiões e presidente do Parlamento, enquanto Yenimata, filha de um dos fundadores do partido, dedicou igualmente sua vida ao ofício público, e foi vice-ministra em diferentes governos, desde 2009 até o último mês de janeiro.
Além disso, ambos gozam de boa imagem, ele por ser um político dialogante que em sua longa trajetória não se viu atingido por nenhum escândalo e ela por encarnar os valores da social-democracia tradicional.
Seu pai, Yorgos Yenimata, foi um dos criadores do sistema público de saúde e uma pessoa muito respeitada na esfera política.
Da mesma forma que o Syriza, conservadores, social-democratas e centristas concordam que o partido que chegar ao poder deve aplicar o programa de resgate pactuado com os credores.
Na órbita contrária, a favor da abolição do programa de ajuste, estão as demais legendas.
O neonazista Aurora Dourada pretende confirmar sua posição como terceira força parlamentar, uma que todas as enquetes preveem apesar de seu líder, Nikolaos Mijaloliakos, e o resto da cúpula do partido estarem acusados de assassinato.
No extremo ideológico está o comunista KKE, que sob a direção do lendário Dimitris Kutsumbas, defende a abolição do memorando e a saída da Grécia do euro e da União Europeia.
A novidade desta convocação eleitoral, os segundos pleitos em menos de um ano, é o Unidade Popular, o partido liderada pelo ex-ministro de Energia, Panayotis Lafazanis, nascido da cisão do Syriza.
A nova legenda defende a abolição dos planos de resgate e a volta à moeda nacional.
Outra das surpresas poderia ser protagonizada pela União de Centristas, um partido que existe desde os anos 80, mas que nunca obteve representação, um feito que poderia realizar desta vez já que as pesquisas preveem sua entrada no plenário.
Esta legenda, liderada por Vasilis Levendis, reivindica os ideais da antiga União de Centro que nos anos 60 chegou a governar sob o mandato de Georgios Papandreou, o pai do ex-primeiro-ministro social-democrata, Andreas Papandreou, e avô do que também seria chefe de governo, Giorgos Papandreou, signatário em 2010 do primeiro resgate. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.