Novas revelações sobre Cameron prolongam “o escândalo do porco”

  • Por Agencia EFE
  • 22/09/2015 21h38

Judith Mora.

Londres, 22 set (EFE).- O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, voltou a ser foco de polêmicas devido a novas revelações sobre sua vida privada, reunidas em uma biografia não autorizada que gerou repercussões no mundo inteiro.

Publicada pelo jornal “The Daily Mail”, a primeira parte de “Call me Dave”, que será lançada em outubro, ecoou em diversos países ontem pela suposta participação do conservador Cameron, de 48 anos, em festas com drogas e orgias estudantis.

As supostas atividades do atual primeiro-ministro como membro da exclusiva Piers Gaveston Society quando era estudante na universidade inglesa de Oxford deram lugar ao “Piggate” (ou “escândalo do porco”), que movimentou intensamente a imprensa e as redes sociais.

De acordo com o livro, escrito pelo ex-vicepresidente do Partido Conservador Michael Ashcroft, com a ajuda da jornalista Isabel Oakeshott, Cameron participou em um “ritual de iniciação” no qual “teve que introduzir uma parte de sua anatomia na boca de um porco morto”.

O ato, do qual não há provas, foi alvo de inúmeras brincadeiras e comentários na rede social Twitter, onde também foram postadas fotos da personagem Peggy, de “Os Muppets”, e da protagonista do desenho “Peppa Pig”.

O primeiro-ministro não se pronunciou sobre o “Piggate”, ao qual se somaram novas revelações sobre suas diversões com a “alta sociedade” britânica na nobre região inglesa de Cotswolds, onde um grupo deles tem residências secundárias.

“The Daily Mail” afirma que na véspera do Ano Novo e em outras ocasiões Cameron e sua esposa, Samantha – de origem aristocrática e educados em colégios de elite – se reuniam com milionários em festas com consumo de álcool e drogas de “classe A” (o que no Reino Unido engloba cocaína, heroína e ecstasy).

Entre os assíduos a essas festas estavam, de acordo com a biografia, a família do magnata da imprensa Rupert Murdoch, o ex-apresentador do popular programa “Top Gear” Jeremy Clarkson, e o de baixista da banda Blur, Alex James.

Apesar do impacto do “escândalo do porco” e da curiosidade pelo restante das revelações, não parece que, salvo surpresas de última hora, essa biografia possa estremecer o governo de Cameron, que desfruta de maioria absoluta.

Um porta-voz do primeiro-ministro afirmou que esse episódio “não se identifica” com a imagem de Cameron, e o ministro da Economia, George Osborne, se negou a “dignificar” o novo livro com comentários a respeito.

A única revelação até agora que pode ter mais impacto político é a confissão do próprio Ashcroft, dono de uma das maiores fortunas do Reino Unido e principal doador conservador, que em 2009 discutiu com Cameron seu polêmico status de “não domiciliado” no Reino Unido.

Às vésperas das eleições de maio de 2010, vencidas sem maioria absoluta, Cameron afirmou que acabava de ser informado que o multimilionário tinha esse status, que o permitia sonegar impostos.

A atual oposição trabalhista pediu detalhes do suposto pacto com Ashcroft, que desde então mudou sua condição para conservar sua cadeira na Câmara dos Lordes.

Um fator contido nas revelações, e que até certo ponto protege o chefe do governo, é a declaração de que o autor da biografia tem uma conta pendente com Cameron.

No prólogo do livro, Ashcroft, de 69 anos, admite que não tem muita admiração por Cameron por não ter recebido um cargo prometido antes de chegar ao poder pela primeira vez, há cinco anos, em coalizão com os liberal-democratas. EFE

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