Novo desastre natural deixa 2,5 mil mortos ou desaparecidos no Afeganistão

  • Por Agencia EFE
  • 04/05/2014 22h59

Cabul, 2 mai (EFE) – Pelo menos 2,5 mil pessoas morreram ou estão desaparecidas após o deslizamente de terras no nordeste do Afeganistão nesta sexta-feira, em uma zona remota castigada pelos desastres naturais e que carece das infraestruturas necessárias.

Uma porção de terra se desprendeu de uma colina por volta do meio-dia local sobre a cidade de Ab-e-Barik, na qual vivem cerca de mil pessoas, e sepultou em torno de 300 casas sob 30 metros de barro e rochas, relatou à Agência Efe o governador da província de Badakhshan, Shah Waliwallah Adib.

O deslizamento aconteceu após dois dias de intensas chuvas nesta cidade do distrito de Argo, o que ocasionou uma rachadura na colina que desabou soterrando as casas.

Quando as primeiras equipes de resgate começavam a atuar no lugar, aconteceu um novo desprendimento que os sepultou e agora o número de mortos pode alcançar os 2,5 mil em Ab-e-Barik.

As equipes de resgate que chegaram depois encontram muitas dificuldades para atuar, reconheceu Waliwallah, e embora cerca de 600 pessoas de diferentes partes da província estejam ajudando, por enquanto só foram recuperados em torno de 120 corpos sem vida.

Umas 700 famílias foram transferidas a uma zona segura, perante a instabilidade do terreno na cidade afetada, e receberam tendas de campanha e cobertores para passar a noite.

O desastre causou a morte, além disso, de 1,5 mil cabeças de gado, que também pereceram sob toneladas de barro e rochas.

A cidade onde ocorreu os despredimentos se encontra no mesmo distrito no qual outro desprendimento de terras produzido pela chuva deixou ontem vários mortos e destruiu dezenas de casas.

Desde Washington, ao término de sua reunião com a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, lamentou hoje a “terrível tragédia” e ressaltou o “durável” compromisso de seu governo com o afegão apesar da próxima conclusão da missão da Otan.

“Como os Estados Unidos se mantiveram do lado do povo do Afeganistão durante uma difícil década, estamos preparados para ajudar nossos aliados afegãos em sua resposta a este desastre, porque embora nossa missão chegue a seu fim neste ano, nosso compromisso com o Afeganistão e seu povo permanecerá”, acrescentou.

Os desastres naturais são frequentes nesta zona do extremo norte do país asiático, fronteiriça com o Tadjiquistão, Paquistão e China, que no entanto conta com precários meios para fazer frente a enchentes, avalanches de neve e terremotos.

No final de abril houve 148 mortos por inundações em consequência de fortes chuvas em várias províncias do noroeste do Afeganistão, além de 60 desaparecidos e mais de 10 mil deslocados, já que em alguns distritos 85% da população foi afetada.

O Afeganistão é um país com muitos dos indicadores de desenvolvimento mais baixos do mundo e em guerra há décadas.

O arco oriental do Afeganistão está sulcado pela cordilheira Hindukush, uma das mais elevadas do mundo, em uma zona do planeta sensível a frequentes tremores de terra devido à confluência de grandes placas tectônicas.

Em 4 de fevereiro de 1998, pelo menos 2,4 mil pessoas morreram em um terremoto de 5,9 graus no distrito de Rustaq e três dias depois outro terremoto de 6 graus na mesma zona causou outros 250 mortes.

Em 30 de maio desse mesmo ano, houve mais de 400 mortos em um terremoto de 7,1 graus na escala Richter na província de Takhar, vizinha de Badakhshan. EFE

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