Novo estudo vincula inseticidas neonicotinoide com desaparecimento de abelhas
Washington, 9 mai (EFE).- Um estudo da Universidade de Harvard divulgado nesta sexta-feira vincula o uso dos inseticidas neonicotinoide (de origem na molécula de nicotina) com o desaparecimento das colônias de abelhas durante o inverno.
Os resultados da pesquisa, publicados na revista “Bulletin of Insectology”, reforçam os de outros trabalhos similares que relacionam o conhecido como “transtorno do colapso das colônias”, pelo que as abelhas abandonam suas colmeias durante o inverno e acabam morrendo com este tipo de produto químico.
O estudo de Harvard se centra em dois tipos de neonicotinoide: o imidacloprida e a clotianidina, duas das três variantes de pesticidas empregados no cultivo de plantas e cereais proibidos na União Europeia (junto ao tiametoxam) desde dezembro do ano passado por ser prejudiciais para as abelhas.
Desde 2006, foram produzidas significativas perdas de abelhas pelo transtorno do colapso das colônias (CCD, sigla em Inglês), um problema que causou grande preocupação na comunidade científica pela importância da polinização realizada por estes insetos.
Foram consideradas diferentes causas destas mortes, como infecções, as más práticas apícolas e a exposição aos inseticidas, e esta última hipótese é a que confirma o estudo da Universidade de Harvard.
“Demonstramos outra vez neste estudo que os neonicotinoide são muito provavelmente os responsáveis por desencadear o CCD nas colmeias que estavam saudáveis antes da chegada do inverno”, explicou em comunicado o diretor da pesquisa e professor associado de Harvard, Chenseng Lu.
Lu e sua equipe estudaram a saúde de 18 colônias de abelhas em três situações diferentes entre outubro de 2012 e abril de 2013 e, em cada grupo de seis colmeias, os cientistas trataram duas colônias com imidacloprida, outras duas com clotianidina e deixaram dois restantes sem tratamento (grupo controle).
Com a chegada dos meses frios, o tamanho de todas as colônias de abelhas diminuiu, mas a partir de janeiro de 2013, as povoações do grupo de controle começaram a se recuperar, como se esperava, enquanto as das colmeias tratadas com neonicotinoide seguiram descendo.
No final do experimento, seis das 12 colônias tratadas tinham se perdido e as colmeias estavam vazias (um indício do CCD), enquanto no grupo de controle, só em uma das seis povoações se encontraram milhares de abelhas mortas na colmeia e com sintomas de ter sofrido o ataque de um parasita.
Embora outros estudos sugiram que a mortandade das abelhas pode ser causada pela reduzida resistência aos parasitas por sua exposição aos inseticidas, o estudo dirigido por Lu concluiu que as abelhas com CCD tinham níveis similares de patógenos que as do grupo de controle que, além disso, sobreviveram em sua maioria ao inverno.
“Apesar de demonstramos a validade da associação entre neonicotinoide e CCD neste estudo, uma pesquisa futura poderia ajudar a explicar o mecanismo biológico responsável pela vinculação das quase letais exposições com o CCD”, acrescentou Lu. EFE
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