Novo gabinete peruano consegue aprovação após 3ª votação no Congresso

  • Por Agencia EFE
  • 18/03/2014 00h25

Lima, 17 mar (EFE).- O primeiro-ministro do Peru, René Cornejo, alcançou nesta segunda-feira o voto de confiança do Congresso em uma terceira votação que encerra, por enquanto, a crise no governo que motivou a abstenção de sua aprovação no Parlamento em duas ocasiões na sexta-feira passada.

Com 66 votos a favor, 52 contra e 9 abstenções, Cornejo conseguiu o aval do parlamento após responder às críticas da oposição sobre a interferência da primeira-dama, Nadine Heredia, no Executivo, o que foi a principal alegação da oposição para votar majoritariamente pela abstenção na sexta-feira.

Vários partidos de oposição tinham pedido ao governo garantias de que a influência da primeira-dama no Executivo acabaria como condição para dar seu apoio a Cornejo, que iniciou sua gestão em fevereiro.

Na votação, o governo contou com os votos de seu aliado Perú Posible, do ex-presidente Alejandro Toledo (2001-2006), Acción Popular-Frente Amplio e do Partido Popular Cristiano-Alianza para el Progreso (PPC-APP).

A coligação Fuerza Popular, do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), votou contra, assim como a Concertación Parlamentaria, na qual se encontram os seguidores do ex-presidente Alan García (1985-1990, 2006-2011).

Nas últimas horas, o Partido Nacionalista Peruano, que governa o país, intensificou seus contatos com o restante dos partidos para conseguir o apoio a Cornejo. O atual primeiro-ministro assumiu há algumas semanas depois da renúncia de César Villanueva pela polêmica surgida com a esposa do governante e do ministro da Economia, Luis Miguel Castela, por suas declarações sobre um possível aumento do salário mínimo.

Na opinião do porta-voz do partido governista, Tomas Zamudio, a situação de crise no Executivo foi criada pelo ex-presidente Alan García com a intenção de evitar uma investigação contra ele por supostas irregularidades durante o seu segundo mandato, realizada por uma comissão do parlamento.

Nesse mesmo sentido se manifestou nesta segunda-feira o escritor e prêmio Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa, que acusou Alan García de ser o responsável pela crise.

“Alan García é o homem mais inteligente da oposição, sem dúvida nenhuma. É um homem que está em campanha, quer ser reeleito pela terceira vez. Acho que a popularidade de Nadine Heredia o deixou desorientado e, ao ver ameaçada sua candidatura, é a figura maquiavélica por trás dessa extraordinária operação de demolição”, afirmou Vargas Llosa em declarações ao canal de televisão “ATV”.

Pouco antes do início da sessão parlamentar em que aprovou o novo gabinete, o presidente Humala disse em discurso que “a classe política não deve brigar, devemos trabalhar juntos pelo Peru”.

“As pessoas não estão interessadas nas confusões da classe política, mas que resolvam seus problemas”, disse o chefe de Estado, cuja popularidade caiu consideravelmente nas últimas pesquisas. EFE

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