Novo governo egípcio toma posse com desafio de reaquecer economia

  • Por Agencia EFE
  • 17/06/2014 15h12

Cairo, 17 jun (EFE).- O novo governo do Egito, liderado pelo tecnocrata Ibrahim Mahlab, tomou posse nesta terça-feira com a missão de abordar a crise econômica e de segurança durante o início do mandato do presidente Abdul Fatah Khalil Al-Sisi.

É o primeiro gabinete sob a presidência de Sisi, que assumiu o cargo há nove dias, e o terceiro desde a destituição, por um golpe de Estado militar, do islamita Mohammed Mursi, em 13 de julho de 2013.

Sisi voltou a confiar em Mehlab para dirigir o executivo, no qual há apenas 13 novos nomes e se mantêm seus postos os proeminentes ministros da Defesa, Sedki Sobhi, e de Interior, Mohammed Ibrahim.

Mehlab, um engenheiro ligado ao regime de Hosni Mubarak (1981-2011) e que presidiu uma das maiores construtoras do Oriente Médio, estava desde março passado à frente do Executivo, após ter sido ministro da Habitação durante o governo de Hazem el-Beblaui.

Em declarações dadas à agência estatal de notícias “Mena”, Mehlab insistiu na luta contra a corrupção e a racionalização da despesa por um “Egito rico que necessita uma boa gestão dos recursos”.

Ele também garantiu que a próxima etapa “verá movimentos urgentes” e pediu aos ministros que melhorem a segurança cidadã, o controle do tráfego e a luta contra o assédio às mulheres, entre outras prioridades.

A cerimônia de juramento ocorreu no palácio presidencial de Al Itihadiya, no Cairo, oito dias depois de o executivo apresentar sua renúncia – como estava previsto – ao Sisi assumir a presidência do país.

Entre os novos ministros destaca-se Sameh Shokri, que foi embaixador egípcio nos Estados Unidos e ocupa a pasta de Relações Exteriores, em substituição a Nabil Fahmi.

Devido à severa crise econômica do Egito, outra mudança importante é a que afeta o Ministério de Investimentos, que agora será dirigido pelo veterano banqueiro Ashraf Salman, diretor-executivo de um banco de investimento.

À frente do Ministério das Finanças se mantém Hani Qadri Demian, que foi um negociador-chave no Egito com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Para abordar os desafios econômicos e a escassez energética, Sisi conta com a ajuda de países como a Arábia Saudita, Emirados e Kuwait, que se estima prometeram mais de US$ 20 bilhões ao Egito desde a queda de Mursi.

De fato, após conhecer a vitória de Sisi nas eleições presidenciais, o rei saudita, Abdullah bin Abdul Aziz, convocou uma conferência de doadores dos países parceiros do Egito para ajudar a superar a crise.

Outras novidades deste gabinete, que conta com apenas quatro mulheres, são o desaparecimento dos ministérios de Informação e de Desenvolvimento Local, e a criação do Ministério de Desenvolvimento Urbano. Os membros do governo mantiveram a primeira reunião com Sisi após o ato de juramento.

Junto ao tema econômico, outro dos principais objetivos do gabinete é restabelecer a segurança no país, onde há frequentes ataques terroristas e manifestações dos partidários de Mursi, a grande maioria vinculada a agora clandestina Irmandade Muçulmana.

O ministro do Interior, Mohammed Ibrahim, afirmou hoje que a luta das forças de segurança atualmente está centrada em pôr fim aos focos criminosos, no marco de sua perseguição contra os islamitas.

“Sisi pediu para se intensificar os trabalhos de segurança para impor a ordem pública nas ruas do país e aplicar a lei a todos sem exceção”, disse Ibrahim após jurar o cargo.

O governo também deverá encaminhar a realização de eleições legislativas, ainda sem data, último passo do roteiro estabelecido pelo exército após a destituição de Mursi. EFE

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