Novos distúrbios e detenções marcam 2ª noite de protestos em Ferguson (EUA)
Cristina García Casado.
Ferguson (EUA), 10 ago (EFE).- Os distúrbios e detenções voltaram a agitar nesta segunda-feira a cidade de Ferguson, nos Estados Unidos, depois que na noite do domingo os atos pacíficos pelo aniversário da morte do jovem negro Michael Brown se tornassem violentos e terminassem com três feridos à bala.
Dezenas de pessoas se concentraram esta noite na avenida West Florissant de Ferguson, epicentro dos distúrbios que se seguiram à morte de Brown há um ano, em um protesto que deixou de ser pacífico por volta das 23h (horário local, 1h de Brasília).
Alguns manifestantes lançaram garrafas contra os agentes enquanto estes tentavam dispersar os protestos para evitar uma nova noite de violência como a de domingo.
A polícia do condado de Saint Louis, onde está Ferguson, está a cargo da segurança na cidade, após a declaração hoje do estado de emergência no condado.
Este corpo substitui nesse trabalho os agentes locais, muito questionados por suas suposta discriminação e violência contra a população negra.
Pelo menos nove pessoas, entre elas uma jovem de 18 anos, foram detidas até agora nos protestos desta noite, depois dos 57 detidos desta manhã em uma concentração em frente a um juizado federal que pedia a dissolução do departamento de polícia de Ferguson.
Pela tarde, os manifestantes conseguiram cortar a interestadual 70 em plena hora do rush, mas a situação não demorou a voltar à normalidade.
As autoridades do condado de Saint Louis declararam o estado de emergência pelo “potencial de danos a pessoas e propriedades” depois que a violência voltou na noite do domingo às ruas da cidade.
Um jovem identificado como Tyrone Harris Jr., de 18 anos, ficou gravemente ferido por disparos da polícia local na noite do domingo e continua hospitalizado em estado crítico.
Segundo o relato dos agentes, Harris estava com outros jovens que começaram a disparar uns contra os outros, razão pela qual os seguiram com seu veículo (sem distintivo policial).
O jovem respondeu abrindo fogo contra eles e os agentes dispararam de volta, causando os ferimentos graves que lhe mantêm em situação crítica.
Outras duas pessoas ficaram levemente feridas também por disparos de bala em circunstâncias ainda não esclarecidas.
Esses incidentes mancharam uma jornada de manifestações pacíficas pelo aniversário da morte de Brown, um fato que provocou os piores distúrbios raciais em décadas e abriu um novo capítulo na luta pelos direitos civis nos Estados Unidos.
A morte de Brown, que completou hoje um ano, situou no centro do debate a violência e discriminação policial contra os negros nos Estados Unidos e representou o nascimento de um novo movimento social sob o lema “Black lives matter” (“As vidas dos negros importam”). EFE
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