O ano em que os Estados Unidos deixaram para trás a “Grande Recessão”
Alfonso Fernández.
Washington, 9 dez (EFE).- Os indicadores apontam que os Estados Unidos conseguiram consolidar em 2014 sua recuperação após a aguda crise de 2008, algo que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) certificou em outubro com o final do multimilionário programa de estímulo monetário.
Seis anos depois da explosão da bolha financeira que provocou a maior depressão da economia dos EUA em oito décadas, batizada como a “Grande Recessão”, os economistas concordam em dizer que a recuperação está em andamento.
Em outubro, o desemprego fechou com uma taxa de 5,8%, nível mínimo desde julho de 2008, e o Fundo Monetário Internacional (FMI) previu que o crescimento econômico dos EUA será em 2014 de 2,2% e de 3,1% em 2015, à frente dos países avançados junto com o Reino Unido e em um momento no qual o Japão e a União Europeia sofrem com oscilações.
“Um crescimento de 3,5%? Se dissesse isso a um europeu agora, ele começaria a chorar de alegria”, assegurou Jay Bryson, economista global do banco Wells Fargo em uma nota após conhecer o número anualizado da atividade econômica nos EUA no terceiro trimestre do ano.
Além disso, também em outubro, o Fed decidiu fechar a mangueira, após três multimilionárias rodadas de injeção de liquidez (2008, 2010 e 2012), e dar assim por finalizada a progressiva retirada do estímulo iniciada em 2013.
O Banco Central americano, cujo agressivo empurrão monetário começou com Ben Bernanke como presidente e com sua sucessora Janet Yellen como fiel escudeira, ressaltou os benefícios conquistados por estas medidas “monetárias não convencionais”, como são conhecidas no jargão econômico.
Yellen, agora à frente do Fed, insistiu que a economia americana “continuou realizando progressos” rumo aos objetivos de seu duplo mandato: promoção do pleno emprego e estabilidade de preços.
De fato, a discussão no Fed agora se centra no momento adequado para a primeira alta de taxas de juros, que se encontram em níveis excepcionalmente baixos de entre 0% e 0,25% desde dezembro de 2008, algo que deve acontecer em meados de 2015.
Trata-se de um debate inédito nos EUA há mais de meia década, e antecipa um futuro no qual a economia do país deverá mostrar sua saúde para se sustentar sem as confortáveis muletas do apoio monetário.
O presidente Barack Obama também celebrou as conquistas econômicas sob seu mandato, ao remarcar de maneira repetida os avanços nos principais indicadores como o descenso no déficit fiscal, o “boom” energético nos EUA, e o aumento registrado no mercado imobiliário.
“A economia melhorou significativamente. Não há dúvidas disso. Desde que cheguei à Casa Branca criamos mais empregos nos EUA que a soma de qualquer outra economia avançada”, assegurou Obama em entrevista em novembro ao popular programa “Face the Nation”, da emissora “CBS”.
Embora os cidadãos se mostrem menos otimistas, especialmente ao constatar a crescente desigualdade econômica, começam a notar os efeitos positivos em elementos básicos, como o combustível.
O preço da gasolina se encontra nos EUA no nível mais baixo desde 2010, abaixo dos US$ 3 por galão (US$ 0,84 por litro), o que repercute favoravelmente nos bolsos dos consumidores, cujas despesas são um dos principais motores da economia americana ao representar 70% do total.
Apesar disso, o governo dos EUA advertiu, em diversas ocasiões, que a cada vez maior integração global obriga a repensar na recuperação econômica como uma questão que não pode ocorrer de maneira isolada.
Neste sentido, antes de participar da reunião do G20 do mês passado na Austrália, o secretário do Tesouro americano, Jack Lew, assinalou que seu país não pode ser “o único motor” de crescimento global e acrescentou que é um erro “confiar que os Estados Unidos crescerão suficientemente rápido para compensar o frágil crescimento das grandes economias”. EFE
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