“O político concorre por paixão; não é um emprego”, diz candidata brasileira ao Parlamento britânico
Nesta quinta-feira (07), eleitores britânicos vão às urnas para eleger o Parlamento, que na sequência deve apontar o primeiro-ministro que comandará Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales. Pela primeira vez na história, uma brasileira disputa uma cadeira no Parlamento britânico com reais chances de conseguir uma vaga.
A paulistana Paula Dolphin, que concorre pelo Partido Liberal Democrata tenta uma cadeira da região de Torridge e West Devon, no sudoeste da Inglaterra. Em entrevista exclusiva à repórter Helen Braun, a candidata afirmou que no Reino Unido, o “político concorre por causa da paixão de querer ajudar as pessoas” e que tal não é considerado um emprego.
Sobre diferenças entre a política brasileira e a inglesa, Dolphin ressaltou a faixa salarial. “Eu fui prefeita e ganhava 60 libras por mês, é um trabalho mais voluntário. É uma honra ao invés de ser um salário. Como deputada eu ganho 900 libras por mês, o que não é muito”.
Apesar de não estar à frente nas pesquisas, a brasileira tem chances graças à bandeira que o partido UKIP defende, que é a da anti-imigração, ironicamente. Com essa bandeira, o UKIP está tirando votos do candidato do Partido Conservador, que está na frente do Liberal Democrata.
Questionada sobre a imigração e se sofre com isso, Paula Dolphin enfatizou que o que importa é o trabalho prestado. “Aqui, nesta região, as pessoas não se preocupam muito com a imigração. Faz 12 anos que sou política aqui e nunca perdi uma eleição. Toda vez que falo que sou brasileira, ninguém se preocupa muito com isso, contanto que eu trabalhe duro, ninguém se importa”.
Financiamento de campanha
Ao contrário do que se vê no Brasil, a política inglesa possui um “teto” de gastos. Segundo ela, a ideia de estabelecer um limite serve para favorecer àqueles que querem se candidatar.
“Você não precisa ser de uma classe rica ou ter um apoio do partido para concorrer. Se você quiser concorrer como uma pessoa independente, por exemplo”.
Cidadã de classe média, Paula Dolphin gastou cerca de 25 mil libras – cerca de R$ 115 mil – na campanha financiada por ela mesma e pelo partido, sem doações de terceiros. “É uma preferência minha. Eu quero mostrar para o povo a seriedade da minha campanha e não quero parecer que vou ficar devendo favores à ninguém”.
Diferença entre política brasileira e britânica
No Reino Unido o sistema é parlamentarismo (o poder executivo é exercido pelo primeiro-ministro, atualmente David Cameron), enquanto no Brasil tem-se o presidencialismo.
A vantagem do parlamentarismo sobre o presidencialismo é a flexibilidade. Em caso de crise política, o primeiro-ministro pode ser trocado com rapidez, enquanto no presidencialismo, o presidente cumpre seu mandato até o fim – salvo casos de impeachment.
Para Paula Dolphin, o parlamentarismo é mais democrático: “é bem democrático e o poder não está concentrado na mão de poucos. Sempre acho que com mais pessoas envolvidas, melhores são as ideias que vão ajudar o povo”.
A campanha de Paula Dolphin
“Por causa do orçamento que tive, usei bastante a internet, Facebook, Twitter. Desenhei quatro panfletos e pedi para os carteiros entregarem. Foi bastante de porta em porta para tentar convencer os eleitores. Qualquer festa ou reunião que tinha na vila eu aparecia para conversar com o povo para eles me conhecerem. Foi assim que fiz a minha campanha”, explicou.
Sobre o contato com os eleitores, a brasileira afirmou que fala diretamente com os eleitores. Segundo ela, após eleitos, eles devem fazer reuniões mensais com os eleitores. “São reuniões que fazemos diretamente com o povo que está precisando de ajuda”.
*Ouça a entrevista completa no áudio acima
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.