Obama acusa republicanos de se aliarem às vozes da “linha dura” iraniana
Washington, 9 mar (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta segunda-feira que alguns republicanos querem “se juntar” às vozes “da linha dura” no Irã, depois que 47 senadores desse partido enviaram uma carta a Teerã para alertar sobre a possível caducidade de um acordo sobre seu programa nuclear.
“É algo irônico ver que alguns membros do Congresso querem se juntar à linha dura no Irã. É uma coalizão pouco habitual”, disse Obama aos jornalistas no início de sua reunião com o presidente do Conselho Europeu, o polonês Donald Tusk.
O presidente americano reagiu assim à carta enviada hoje por 47 senadores republicanos, entre os quais figuram potenciais candidatos à Casa Branca como Marco Rubio, Ted Cruz e Rand Paul, aos “líderes” do regime iraniano.
Os senadores advertem que qualquer acordo sobre o programa nuclear do Irã que não for aprovado pelo Congresso dos EUA caducará assim que Obama deixar a Casa Branca, em menos de dois anos, porque o próximo presidente poderá revogá-lo.
Obama se mostrou seguro que, se as negociações internacionais com o Irã resultarem em um acordo, ele será capaz de convencer “o povo americano” que o seu cumprimento é o correto.
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, considerou hoje que a carta é “a continuação de uma estratégia partidária para solapar a autoridade” de Obama em política externa, assim como o eventual acordo entre o Irã e a comunidade internacional.
“A corrida para a guerra ou, pelo menos, a corrida rumo à opção militar (contra o Irã), que muitos republicanos estão defendendo não beneficia em absoluto os Estados Unidos”, advertiu Earnest em sua entrevista coletiva diária.
O Irã e representantes do Grupo 5+1 (Estados Unidos, China, França, Reino Unido e Rússia, mais Alemanha) completaram na semana passada uma nova rodada de negociações para se alcançar um acordo sobre o desenvolvimento nuclear iraniano.
O prazo imposto pelos negociadores expira no final de junho, mas ambas as partes se comprometeram que, para cumpri-lo, é preciso chegar a um acordo antes do fim de março.
O governo do Irã também criticou hoje a carta dos senadores americanos, ao considerá-la um “truque de propaganda” sem “nenhum valor legal”.
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohamad Javad Zarif, minimizou a importância, em uma nota remetida à imprensa local, da carta dos senadores dirigida aos “líderes” do Irã.
Em uma entrevista à emissora “CBS” exibida ontem, Obama considerou possível um acordo com o Irã, se houver a possibilidade de “verificar” que o país não está desenvolvendo armas nucleares.
O presidente americano disse que o próximo mês será crucial para determinar se o regime iraniano é “capaz de aceitar” um acordo que considerou “extraordinariamente razoável” e se, como defende, seu programa só tem fins pacíficos. EFE
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