Obama buscará consolidar histórica aproximação com Cuba na Cúpula do Panamá

  • Por Agencia EFE
  • 08/04/2015 14h33
  • BlueSky

Miriam Burgués.

Washington, 8 abr (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, comparece à sétima edição da Cúpula das Américas para consolidar, mais com ações do que com anúncios, a histórica aproximação com Cuba, elogiada por todo o continente e questionada em seu país tanto por políticos republicanos como democratas.

No entanto, as tensões com Caracas, intensificadas pela “emergência nacional” declarada por Obama devido à “ameaça” que, segundo sua opinião, a situação na Venezuela representa para a segurança de seu país, podem fazer com que a cúpula não seja um mar de rosas para o presidente americano.

De qualquer forma, “em termos simbólicos”, a cúpula que será realizada no Panamá na semana que vem “é muito importante”, visto que marcará “o fim definitivo da Guerra Fria entre Estados Unidos e o resto do hemisfério”, conforme explicou à Agência Efe Cynthia Arnson, diretora do programa da América Latina no Centro Woodrow Wilson.

Arnson acredita que, além de se cumprimentarem como fizeram na África do Sul durante o funeral do ex-presidente Nelson Mandela, Obama e o líder cubano, Raúl Castro, conversarão durante a cúpula, embora “muito informalmente”.

“Sem dúvida, haverá um aperto de mãos entre Obama e Castro na cúpula”, disse Harold Trinkunas, diretor da Iniciativa para a América Latina do Instituto Brookings, ao afirmar que o gesto seria interpretado pelos observadores externos como uma prova do “êxito” do encontro continental.

Roberto Izurieta, professor da Universidade George Washington, disse à Agência Efe que espera uma “saudação cordial” entre Obama e Castro, e que essa “será a foto da cúpula”.

Se os analistas concordam que é muito provável esse primeiro contato pessoal entre Obama e Castro após as conversas por telefone em dezembro, antes do histórico anúncio da aproximação bilateral, também se mostram bastante cautelosos quanto às medidas concretas que podem sair da cúpula.

Cuba tem interesse em proceder rumo à normalização, mas “mais lentamente do que os Estados Unidos gostariam”, afirmou Trinkunas. Segundo ele, a saída de Cuba da lista de países considerados pelos EUA como patrocinadores do terrorismo “seria um grande passo” para a abertura de embaixadas em Washington e Havana.

O processo de retirada de Cuba dessa lista requer uma notificação formal de Obama ao Congresso americano, que teria 45 dias para estudá-la. Por isso, “parece pouco provável” um anúncio de abertura de embaixadas antes ou durante a cúpula, a menos que ocorra algum “avanço inesperado” nas atuais negociações, segundo Trinkunas.

Arnson também considera “improvável” um iminente anúncio sobre a abertura de embaixadas, visto que há vários temas “espinhosos” a serem resolvidos, como o número de pessoas em cada delegação, a mobilidade dos diplomatas americanos na ilha e o acesso bancário da representação cubana nos Estados Unidos.

Desde o anúncio da normalização, os EUA tomaram medidas para simplificar o processo para os americanos autorizados a viajar para Cuba, suspendeu as limitações de exportação de equipamentos de telecomunicação à ilha e permitirá a importação de alguns bens e serviços fabricados pelo setor privado cubano.

Mais recentemente, os Estados Unidos retiraram 45 empresas, indivíduos e embarcações de Cuba de uma lista de sanções por apoiarem o terrorismo ou o narcotráfico. Nesta semana, funcionários de ambos os países fizeram uma reunião preliminar sobre a metodologia e a estrutura de seu futuro diálogo sobre direitos humanos, um dos pontos mais conflituosos da aproximação.

É nas violações de direitos humanos em Cuba, exemplificadas em prisões arbitrárias de opositores e ataques à liberdade de expressão que se apoia a maioria dos congressistas americanos que se opõem à suspensão do embargo econômico imposto à ilha.

Entre eles não só há republicanos, mas também influentes democratas como o senador Robert Menéndez, junto com outros legisladores de origem cubana, como Marco Rubio e Ileana Ros-Lehtinen.

Da cúpula do Panamá são esperados novos pedidos ao fim do embargo dos Estados Unidos a Cuba, assim como o reforço da rejeição ao decreto de Obama contra a Venezuela expressado por vários órgãos regionais, entre eles a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

Obama comparecerá às plenárias da cúpula, terá encontros bilaterais com líderes como a presidente Dilma Rousseff e o mexicano Enrique Peña Nieto, e evitará o contato direto e “a foto” com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, segundo Izurieta. EFE

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.