Obama buscará destacar “valores em comum” em encontro com papa Francisco

  • Por Agencia EFE
  • 21/09/2015 22h21

Lucía Leal.

Washington, 21 set (EFE).- O presidente americano, Barack Obama, acredita que sua reunião com o papa Francisco, que chegará ao Estados Unidos nesta terça-feira, servirá para destacar com um “impacto durável” os “valores em comum” de ambos.

A Casa Branca enfatizou nesta segunda-feira a sintonia entre Obama e o pontífice, que chegará a Washington amanhã, após sua passagem por Cuba, e ainda visitará Nova York e Filadélfia até o próximo domingo.

Obama “compartilha os valores” do pontífice no que diz respeito à “justiça social e econômica”, além de suas similaridades ao combater a mudança climática e integrar os imigrantes, afirmou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest.

“Isso não significa que eles concordem em todos os temas. Mas durante esta visita não focarão na política, em políticas específicas, e sim nos tipos de valores que ambos dedicaram suas vidas a consagrar”, acrescentou Earnest em sua entrevista coletiva diária.

Obama, que já se reuniu com o papa Francisco em março de 2014 no Vaticano, deve aproveitar a visita na quarta-feira para abordar as áreas em quais ambos concordam, em um momento de profunda divisão política nos EUA.

“O presidente nos encarregou de assegurar que essa visita tenha um impacto durável e seja o mais significativa possível”, disse Charlie Kupchan, diretor para assuntos europeus no Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

“Pensamos em como elevar os objetivos compartilhados pela Administração de Obama e o Vaticano, e como podemos dar passos para impulsionar esses valores”, acrescentou Kupchan em entrevista coletiva na semana passada.

Apesar dessa aspiração, a Casa Branca já teve um primeiro atrito com o Vaticano, após convidar para a cerimônia de boas-vindas da quarta-feira ativistas transexuais, o primeiro bispo episcopal abertamente gay do país, Gene Robinson, e uma freira que lidera um grupo contra a condenação do aborto e da eutanásia.

Segundo o jornal “The Wall Street Journal”, o Vaticano está preocupado com a possibilidade de o papa ser fotografado com algum desses convidados e o fato ser interpretado como um apoio a suas ideias.

O porta-voz da Casa Branca lembrou nesta segunda-feira que esses convidados são apenas uma minúscula proporção das 15 mil pessoas que comparecerão à cerimônia no jardim da residência presidencial.

Esses convidados representam a “diversa” composição étnica e ideológica do país e nenhum deles precisou fazer um “teste teológico” antes de ser convidado, ressaltou Earnest.

Na quinta-feira, um dia após se reunir com Obama, o papa Francisco se tornará o primeiro pontífice a discursar no Congresso americano, onde muitos legisladores esperam escutar suas posições em temas que variam desde a reforma migratória até o aborto.

No entanto, a hierarquia católica dos Estados Unidos já alertou que o papa não se alinhará a nenhuma tendência política.

“Ele (papa Francisco) não evitará os temas importantes, mas sua visita é como líder espiritual, como pastor de almas. Afrontará os assuntos dessa perspectiva e não irá propor nenhuma solução política porque isso deve depender dos que escutarem sua mensagem”, anunciou na semana passada o cardeal Donald Wuerl, arcebispo de Washington.

A maioria dos habitantes de Washington terão apenas duas oportunidades de ver o pontífice durante a visita papal: durante seu trajeto de papamóvel da Casa Branca até a catedral católica de Saint Matthew, na quarta-feira, e em sua breve saudação da varanda do Capitólio, na quinta-feira.

O papa chegará na tarde da quinta-feira a Nova York, onde no dia seguinte pronunciará um discurso nas Nações Unidas e visitará o marco zero para homenagear as vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001.

No fim de sua visita aos EUA, o pontífice comparecerá ao Encontro Mundial das Famílias na Filadélfia, onde também se reunirá com detentos. EFE

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