Obama crê que morte de jovem negro em Ferguson não seja um incidente isolado

  • Por Agência EFE
  • 06/03/2015 13h10

Presidente dos Estados Unidos Barack Obama faz seu "discurso do Estado da União" ao Congresso na noite desta terça (20)

EFE/MANDEL NGAN / POOL Presidente dos Estados Unidos Barack Obama faz seu "discurso do Estado da União" ao Congresso nesta terça

O presidente de EUA, Barack Obama, assegurou nesta sexta-feira que a discriminação racial detectada na polícia de Ferguson, onde no ano passado um agente branco matou um jovem negro desarmado, não é um caso isolado e considerou que a reforma policial deve ser uma das prioridades do movimento de direitos civis.

“Não acho que seja o típico que ocorre em todo o país, mas também não se trata de um incidente isolado”, disse Obama à rede de rádio “Sirius XM”, referindo-se ao relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Departamento de Justiça sobre a atuação geral da polícia de Ferguson (Missouri), elaborado por causa desse incidente.

Em dito relatório, o Departamento de Justiça acusa a polícia de Ferguson de discriminação racial e de violar sistematicamente os direitos civis da população negra, com detenções sem motivo aparente e o uso excessivo da força especialmente contra a comunidade afro-americana.

“Acho que há circunstâncias nas quais a confiança entre as comunidades e os agentes da lei se perdeu e que há indivíduos ou departamentos inteiros (de polícia) que podem não ter tido o treino adequado ou a responsabilidade para garantir que protegem e servem todo o mundo e não só alguns”, disse Obama.

O presidente disse que este assunto requer “uma ação e mobilização coletiva” e que uma reforma policial neste sentido deve ser uma das principais tarefas do movimento de direitos civis 50 anos depois das manifestações que alcançaram uma mudança neste país.

“Não acho que tenhamos feito tudo o que podemos fazer”, disse Obama a respeito do movimento dos direitos civis, às vésperas de uma viagem à cidade de Selma, no estado do Alabama, um dos epicentros dos protestos contra a discriminação racial que ocorreram em 1965.

Segundo o relatório do Departamento de Justiça sobre a investigação da atuação polícial no departamento de Ferguson, nos últimos dois anos os cidadãos afro-americanos dessa cidade, que são 67% da população, foram alvo de 85% das detenções por tráfico, 93% das detenções em geral e 88% dos casos nos quais a polícia usou a força.

“A investigação encontrou uma comunidade profundamente polarizada e onde a profunda desconfiança e a hostilidade frequentemente caracterizam as relações entre a polícia e os residentes da área”, explicou na quarta-feira o Procurador-Geral, Eric Holder, ao apresentar o relatório.

Dito reporte foi apresentado ao mesmo tempo que o Departamento de Justiça anunciou que não processará Darren Wilson, o policial branco que matou o afro-americano Michael Brown em agosto passado em Ferguson (Missouri), ao considerar que não violou os direitos civis quando disparou contra o jovem desarmado de 19 anos.

Desta forma, o Departamento de Justiça arquivou o caso sobre a suposta violação dos direitos civis de Brown, aberto depois que em 24 de novembro um grande júri decidiu também não acusar o agente.

Após essa decisão, milhares de pessoas saíram às ruas em todo o país e Ferguson reviveu os distúrbios raciais que durante duas semanas seguiram à morte de Brown, em 9 de agosto, nos quais foram registrados saques e problemas com a polícia.

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